O Douro de Miguel Torga
“O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso da natureza. Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta.”
Miguel Torga in “Diário XII”
Foto: mat’s eye
Comentários
Alexandra
Maravilhosa passagem descritiva deste escritor fantástico numa viagem/poema de "beleza absoluta"…
22 de Maio, 2010UniPlanet
Alguém que tinha o dom da palavra! E que descrevia o Douro e o Marão como mais ninguém…
23 de Maio, 2010