D. Carlos, o Rei Pintor e Oceanógrafo
D. Carlos I de Portugal teve como cognome “O Oceanógrafo“, por causa da sua paixão pela oceanografia. Ainda jovem, conhecera o escritor francês Júlio Verne, quando este realizou, em 1876, várias viagens pelo Mundo, a bordo do seu iate que fez escala em Lisboa. Durante essa escala na capital, proporcionou-se uma recepção a Júlio Verne, no paço real da Ajuda. D. Carlos teve, então, a oportunidade de trocar impressões com o escritor.
A obra “As Vinte Mil Léguas Submarinas” marcou o rei profundamente, de tal forma que chamou “Nautilus” à sua primeira embarcação (presente de seu pai, o rei D. Luís I) e despontou nele a motivação para o estudo dos oceanos.
Profundamente ligado ao mar, D. Carlos foi dos primeiros a explorar as profundidades oceânicas da costa portuguesa. Durante as suas campanhas científicas no iate Amélia, D. Carlos capturou, catalogou e conservou variadas espécies, algumas das quais só então se tornaram conhecidas. Estudou-as no seu laboratório, o primeiro laboratório oceanográfico português.
Alguns trabalhos oceanográficos realizados por D. Carlos, ou patrocinados por ele, foram pioneiros na oceanografia mundial. Ainda hoje, o Instituto Hidrográfico da Marinha continua os estudos iniciados nessa altura, através do navio hidrográfico baptizado de “D. Carlos I”.
O Aquário Vasco da Gama foi criado no seu reinado, local onde hoje se pode visitar a Colecção Oceanográfica D. Carlos I.
D. Carlos também realizou um estudo metódico sobre os recursos piscícolas das águas portuguesas, com a intenção de melhorar a indústria pesqueira, obtendo o conhecimento para uma exploração racional dos recursos existentes.
Possuía também, grande talento para a pintura. Era dotado de elevado grau de perfeição e tinha na natureza o seu motivo de eleição.
Capturava na tela embarcações que cruzavam a embocadura do Tejo, rochedos, paisagens, figuras de pescadores e mareantes utilizando diversos materiais (desde lápis, tinta-da-china ou carvão a aguarelas, óleos e pastéis). Preferia os temas marinhos mas também pintava aguarelas de pássaros que assinava como “Carlos Fernando”.