Calantha, Cat e Tartaruga

Calantha, Cat e Tartaruga

16 de Setembro, 2010 0
A 30 de Setembro do ano passado (2009), o Zoomarine, o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e a Marinha Portuguesa devolveram a tartaruga Calantha ao mar, juntamente com outras duas tartarugas, a Cat e a Tartaruga, ambas tartarugas verdes (Chelonia mydas).
Calantha pertence à espécie de tartaruga comum (Careta careta),tem 40 anos  e veio do Aquário Vasco da Gama onde viveu mais de 25 anos. Em 2005, teve agendado o regresso ao habitat selvagem, mas a libertação foi travada pelo Instituto de Conservação da Natureza que considerou que o animal estava mal preparado e reencaminhou-o para o porto de abrigo do Zoomarine onde aprendeu, tanto quanto possível, a desabituar-se dos humanos. Quando chegou pesava 115 quilos; ao ser libertada pesava 128,5 quilos.

A espécie Caretta caretta, de migração ampla, tem uma vasta distribuição em todos os oceanos mas está classificada como Em Perigo, no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, especialmente por causa das ameaças nas praias de nidificação – captura de ovos e a urbanização intensiva. Nas águas portuguesas, a maior ameaça é a captura acidental pela pesca.

A Cat viajou do Brasil para Portugal numa mochila, foi confiscada pelas autoridades no aeroporto e reencaminhada para o Zoomarine.

A terceira chama-se Tartaruga, nome que recebeu no museu municipal do Funchal. Viveu naquele espaço mais de 30 anos, só depois foi reencaminhada para o Zoomarine.
Desde que foram libertadas os biólogos têm acompanhado o percurso e o comportamento de Calantha, Tartaruga e Cat no meio selvagem. Um transmissor de satélite, uma anilha e um microchip constituem a única bagagem que as três espécies de tartaruga levaram consigo no regresso ao alto mar. Apenas assim é possível localizá-las e saber a que velocidade nadam, explica Élio Vicente, biólogo do Zoomarine.
Calantha já fez 10 mil quilómetros e dirige-se ao golfo do México, esperando-se que alcance as Caraíbas em 6 meses; a Tartaruga encontra-se na Mauritânia e Cat, a mais jovem, partiu em direcção ao Brasil (no entanto, os últimos dados sobre a Cat datam de 27 de Março de 2010 e os biólogos desconhecem se o dispositivo caiu ou se a tartaruga morreu).
Se o comportamento das duas primeiras no meio selvagem gerava grandes expectativas por terem vivido praticamente toda a vida em cativeiro, Cat foi a que mais surpreendeu: com uma das barbatanas amputada por causa da mordedura de um tubarão, “atravessou o Atlântico quase sem hesitar, em linha recta até ao Brasil”. A jovem tartaruga nadou 8000 km em 175 dias, quase o dobro da distância percorrida pelas companheiras, referiu Élio Vicente.
Os sinais dos transmissores – que apenas funcionam fora de água, altura em que são localizados pelos satélites – devem manter-se ativos por mais um ano. Emitidos para um sistema internacional, permitem criar mapas disponíveis online.(Clique aqui para ver mais)
Os dados recebidos dos três transmissores têm sido fundamentais para perceber, entre outros, o percurso e a velocidade da Calantha, da Tartaruga e da Cat – aspectos muito importantes para efectuar a avaliação do sucesso da operação e da adaptação, ou não, destes répteis marinhos ao Oceano, do qual estiveram afastados tantos anos.
“Esta é uma marca especial para a Calantha. Mas também o é para o Zoomarine e, em particular, para os profissionais que colaboram com o Porto d’Abrigo do Zoomarine (Centro de Reabilitação de Espécies Marinhas), uma equipa que lutou para que o regresso destas três tartarugas marinhas ao meio natural fosse uma realidade e um sucesso. É, de igual forma, uma etapa especial para todas as entidades que colaboraram neste processo e para o imenso grupo de anónimos que vão seguindo o percurso das tartarugas através da SeaTurtle”, afirmam os biólogos do Zoomarine.

Para Élio Vicente, o projecto prova que é possível devolver animais que estiveram tanto tempo em cativeiro à natureza, onde se comportam como se tivessem vivido lá desde sempre. Por isso, o Zoomarine pretende alargar a iniciativa a outras espécies, mas o elevado valor de investimento – mais de 15 mil euros – é um dos obstáculos.

Fontes: Ecosfera, siconline, algarvedigital e boasnotícias
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