U.E. Vai Pagar a Pescadores para Recolherem Plástico do Mar
A comissária europeia das Pescas, Maria Damanaki, quer que os pescadores peguem nas suas embarcações durante a época do defeso e vão à pesca dos milhões de recipientes de plástico que boiam nos mares europeus. Este projecto apresenta uma fórmula dois em um: os pescadores aproveitam para ganhar uns euros extra em dias que ficariam em terra e ao mesmo tempo ajudam o ambiente marinho.
“Com as quotas de pesca impostas por Bruxelas, os nossos pescadores trabalham no máximo 180 dias por ano. Se houver incentivos de Bruxelas, terão muito tempo para participar nesta iniciativa”, defende António Cabral, secretário-geral da Associação dos Armadores de Pesca Industrial, e lembra que, por enquanto, os pescadores são obrigados a lançar para o mar todo o lixo que vem às redes. Para o dirigente, todas as actividades complementares à pesca são bem-vindas: seja a caça ao lixo, os passeios turísticos ou investigação científica.
Experiências na Europa
O 1º projecto-piloto anti-plástico teve lugar em França no ano passado, com apoio de fundos comunitários. Cada pescador recebeu perto de 400€ por cada tonelada de plástico retirada do fundo do mar e no total foram removidas mil toneladas de lixo.
Os pescadores espanhóis da Costa Azul, no Mediterrâneo, iniciarão este projecto já no final deste mês. Apoiados pelas autoridades locais, deverão estriar novas redes de pesca que custam entre 16 mil e 40 mil euros e que, segundo os especialistas, “são 100% recicláveis e não capturam peixe”.
Mar Mediterrâneo
Dos mares da Europa, o Mediterrâneo é o mais afectado pelo plástico. As suas águas escondem perto de 250 mil milhões de objectos, assegura um estudo franco-belga de 2010. Outro relatório, da autoria da ONU, garante haver 18 mil pedaços de plástico por km neste mar europeu.
As Nações Unidas estimam que 500 toneladas de plástico deverão já estar dissolvidas nas águas do Mar Mediterrâneo.
Os mares estão repletos de plásticos, como garrafas, sacos, fraldas, redes de pesca velhas, cordas e milhares de outros objectos. Ao longo dos anos, os plásticos vão-se fragmentando, havendo locais onde a densidade de fragmentos de plástico é superior ao plâncton. Existem cerca de 2000 detritos (a maioria de plástico) por cada km de praia na Europa. 19 em cada 20 cadáveres de animais encontrados no litoral europeu têm pedaços de plástico no estômago.
Portugal
Um projecto científico da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova, no Monte da Caparica, intitulado “Poizon”, fez a monitorização de 5 praias na Costa da Grande Lisboa, entre 2009 e 2010. Os investigadores detectaram 400 fragmentos de plástico por m2 na linha deixada pela maré alta. “A quantidade é preocupante, principalmente porque de pequenas dimensões e, confundidos por alimentos pelos organismos marinhos, podem afectar toda a cadeia alimentar”, diz a investigadora Paula Sobral, coordenadora do projecto.
Duas acções recentes na limpeza de praias removeram milhares de garrafas, bidões, embalagens e fraldas. No início do mês, quatro dias bastaram para que os voluntários do movimento Brigada do Mar recolhessem, em sacos de lixo industrial, quase 30 mil litros de resíduos no areal alentejano. Em Março, uma acção da Essência, escola de surf da Costa da Caparica, retirou das praias perto de uma tonelada de lixo numa manhã. “É só a ponta do iceberg”, resumem os organizadores.
O projecto CoastWatch, que conta com o apoio dos Ministérios do Ambiente e da Educação, fez um levantamento de uma área de 423 km de costa entre 2009 e 2010. Embora os investigadores não especifiquem quantias totais, os resíduos mais encontrados são os plásticos, muito à frente dos vidros e dos metais.
A coordenadora da CoastWatch, Guilhermina Mesquita, explica que: “No nosso país ainda há muito a “educar” no que diz respeito à forma – muitas vezes pouco cívica – como nos desfazemos do plástico”.
“Ilhas de lixo” flutuam nos oceanos
Chamam-lhes “ilhas de lixo flutuantes”, “aterros marítimos” ou “sopas de plástico” e existem em todos os oceanos, ameaçando os ecossistemas, as espécies marinhas e a saúde humana através da cadeia alimentar. Uma das mais faladas é a “Ilha flutuante” ou “Vórtex” de lixo do pacífico (visível em imagens de satélite), entre a costa da Califórnia e o Havai. Foi identificada por um oceanógrafo americano em 2008. Charles Moore revelou então ter navegado durante dias sobre aquela “sopa condensada” com fragmentos de legos, restos de caiaques ou de sacos de plástico que estimava ter o dobro do tamanho dos EUA. Diferentes cientistas apresentaram distintos cálculos. A concentração de tamanha quantidade de resíduos naquela área está relacionada com as correntes. O chamado “Remoinho Subtropical do Pacífico” faz com que o lixo quase não saia do mesmo lugar e daí a concentração. Contudo, o lixo proveniente das actividades humanas, à praia retorna.
Compromisso de Honolulu
Em Março de 2011 foi realizada uma conferência no Havai com a intenção de estabelecer políticas internacionais para minimizar o problema do plástico nos oceanos. Este evento contou com a presença de comissários de governo, líderes industriais e especialistas de 35 países. Desta reunião nasceu o Compromisso de Honolulu (em pdf aqui), que incentiva a troca de informações e promove uma abordagem mais ampla para lidar com este problema de forma a evitar os danos nos ecossistemas.
Fontes: expresso, naturlink, ecoagencia
Comentários
Anónimo
Mais uma fraude…
Uma das grandes fontes de poluição por plásticos dos Oceanos são as próprias frotas pesqueiras de todos os Países (sem excepção)…
E só uma pergunta meio parva: Quem garante que o plástico que eles recolhem no dia x não foi deitado borda fora no dia x-5, e depois ainda recebem dinheiro por recolher plástico que eles próprios deitaram aos mares?
Quer saber uma mesmo de rir até chorar? Adivinhe lá a Mab qual foi, de entres várias, uma das empresas financiadoras da tal conferência?
Preparada….
A COCA-COLA… que é tão só uma das principais produtoras de embalagens de plástico (e não só) que vão parar aos Oceanos… é bom demais, não é?
Para acabar… Isto é tudo menos solução…
19 de Maio, 2011UniPlanet
É uma boa iniciativa que pode ajudar a limpar um pouco o plástico que é atirado ao mar ou que é arrastado pela chuva para rios e mares. Neste momento, este projecto vai ser experimentado em Espanha e pode ser que chegue também a Portugal, antes que as famosas praias turísticas de Portugal se tornem em contentores de plástico!
20 de Maio, 2011Anónimo
"…antes que as famosas praias turísticas de Portugal se tornem em contentores de plástico!" ANTES?
Ó Mab… as praias deste território já estão cheias de plástico, e não só!
21 de Maio, 2011