Poema “Viajar! Perder Países!” e “Lisboa: O que o Turista deve Saber” de Fernando Pessoa
Em 1988, entre o espólio de Fernando Pessoa, foi encontrado um guia turístico de Lisboa, redigido pelo poeta em 1925 e que, por se destinar aos turistas que visitavam Lisboa, estava escrito em inglês.
Em 2009, este guia serviu de inspiração para o lançamento de “Os Mistérios de Lisboa ou What the Tourist Should See”, um filme de José Fonseca e Costa, com excertos de Álvaro de Campos. Uma redescoberta da cidade pelo olhar de Fonseca e Costa, com toda a imagética pessoana presente e com o fado de fundo.
Fonte: Fugas
Imagem: Retrato de Fernando Pessoa por Almada Negreiros (Pedro Ribeiro Simões/Flickr)
Lisboa: O Que O Turista Deve Ver /What the Tourist Should See (edição bilingue – português/inglês)
de Fernando Pessoa
Prefácio de Teresa Rita Lopes.
Edição/reimpressão: 2007
Páginas: 136
Editor: Livros Horizonte
10,47€
>Sinopse: Trata-se de um guia de Lisboa, o Universo fundamental de Pessoa a que chama o seu “lar”, escrito em inglês, propositadamente turístico, despojado de retórica, onde se percorre todo o património importante da cidade, seja ele arquitectónico, artístico, intelectual ou de puro lazer.
É um prazer renovado visitar Lisboa pela mão do grande poeta e verificar que, apesar dos anos que passaram e de todas as alterações urbanas, ainda podemos desfrutar desse prazer de passear pelas ruas melancólicas da cidade branca e reconhecer os locais de que ele fala.
Este guia, provavelmente datado de 1925, inseria-se num amplo projecto de publicações a editar por Pessoa para dignificar Portugal, que ele considerava “descategorizado” face à civilização europeia e, no caso presente, dignificar a sua capital.
No Google Maps pode ser consultado o trajecto pessoano, com respectivas anotações.
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa