Zara Utiliza Mão de Obra Escrava no Brasil!

Zara Utiliza Mão de Obra Escrava no Brasil!

17 de Agosto, 2011 0

Numa recente operação de fiscalização às fábricas subcontratadas pela Zara no Brasil, 15 pessoas, incluindo uma adolescente de 14 anos, foram libertadas de trabalho escravo em São Paulo.

As equipas de fiscalização descobriram trabalhadores estrangeiros submetidos a condições análogas à escravatura, a produzir peças de roupa da famosa marca internacional Zara, do grupo espanhol Inditex.

 

“Por se tratar de uma grande marca, que está no mundo todo, a acção torna-se exemplar e educativa para todo o sector”, explica Giuliana Cassiano Orlandi, auditora fiscal que participou em todas as etapas da fiscalização. Foi a maior operação do Programa de Erradicação do Trabalho Escravo Urbano da SRTE/SP, desde que começaram os trabalhos de rastreio às cadeias produtivas a partir da criação do Pacto Contra a Precariedade e Pelo Emprego e Trabalho Decentes em São Paulo – Cadeia Produtiva das Confecções.

 

A acção, complementa Giuliana, serve também para mostrar a proximidade da escravatura às pessoas comuns, através dos hábitos de consumo. “Mesmo um produto de qualidade, comprado num shopping, pode ter sido feito por trabalhadores vítimas de trabalho escravo“.

 

O quadro encontrado pelos agentes incluía contratos ilegais, trabalho infantil, condições degradantes, jornadas de trabalho até 16h diárias e limitação da liberdade (através da cobrança e desconto irregular de dívidas nos salários, o truck system, proibição de se deixar o local de trabalho sem prévia autorização). Apesar do clima de medo entre as vítimas, um dos trabalhadores explorados confirmou que só conseguia sair da casa com a autorização do dono da fábrica, só concedida em casos urgentes, como quando levou o seu filho ao médico.

Quem vê as blusas de tecidos finos e as calças da estação nas vitrinas das lojas da Zara não imagina que, algumas delas, foram feitas em ambientes apertados, sem ventilação, sujos, com crianças a circular entre as máquinas de costura e os cabos eléctricos descarnados e sem estarem isolados. Por fora, as fábricas parecem casas normais, mas todas têm em comum o facto de possuírem poucas janelas e todas fechadas com tecidos escuros para impedir que se veja o que acontece no interior.

As vítimas libertadas pela fiscalização foram trazidas da Bolívia e do Peru, em busca de melhores condições de vida. Quando chegam ao Brasil têm que trabalhar durante meses, em longas jornadas, para pagarem os voos.  Durante a operação, os auditores fiscais apreenderam dois cadernos com anotações das dívidas relativas à “passagem” e “documentos”, além de “vales” que faziam com que o empregado aumentasse ainda mais a sua dívida. Os cadernos mostravam alguns dos salários recebidos: de R$ 274 a R$ 460, menos do que o salário mínimo no Brasil – R$ 545.

 

“Observa-se com nitidez a atitude empresarial de discriminação. Todos os trabalhadores brasileiros encontrados trabalhando em qualquer um dos pontos da cadeia produtiva estavam devidamente registrados em CTPS [Carteira de Trabalho e Previdência Social], com jornadas de trabalho condizentes com a lei, e garantidos em seus direitos trabalhistas e previdenciários”, destaca o relatório da fiscalização. “Por outro lado, os trabalhadores imigrantes indígenas [quéchua e aimará] encontram-se em situação de trabalho deplorável e indigno, em absoluta informalidade, jornadas extenuantes e meio ambiente de trabalho degradante“.

No momento da fiscalização, os empregados estavam a terminar blusas da Colecção Primavera-Verão da Zara. Por cada peça feita, o dono da fábrica recebia R$7. Os costureiros declararam que recebiam, em média, R$2 por peça costurada. Numa loja da Zara na Zona Oeste de São Paulo (SP), uma blusa semelhante, fabricada originalmente em Espanha, é vendida por R$ 139… Uma jovem de 20 anos, do Peru, disse numa reportagem que chegou a costurar 50 vestidos num único dia!

Grande parte da produção foi apreendida, assim como as peças piloto, que traziam instruções da Zara da forma correcta para serem confeccionadas. Os trabalhadores declararam que trabalhavam das 7h30 às 20h, com uma hora de almoço (11 horas e meia por dia), de segunda a sexta-feira. Aos sábados, o trabalho seguia até às 13h. Um trabalhador chegou a relatar que havia dias em que o trabalho se estendia até às 22h (13 horas e meia).

Como resposta, a Zara retirou do site internacional o Brasil

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