Ecologia no meu tempo

Ecologia no meu tempo

9 de Outubro, 2011 4

“Na fila de um supermercado, o empregado da caixa diz a uma senhora de idade:
– A senhora deveria trazer os seus próprios sacos para as compras, uma vez que os sacos de plástico não são amigos do ambiente.
A senhora pediu desculpa e disse:
– Não havia essa onda verde no meu tempo…
O empregado respondeu:
– Esse é exactamente o problema de hoje, minha senhora. A sua geração não se preocupou o suficiente com o ambiente.

– Tem razão – respondeu a senhora –, a nossa geração não se preocupou suficientemente com o ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, as garrafas de refrigerante e de cerveja eram devolvidas à loja. A loja mandava-as de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de serem reusadas e os fabricantes de bebidas usavam as garrafas umas tantas outras vezes.
Realmente não nos preocupávamos com o ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até às lojas, em vez de usar o carro de 300 cavalos de potência de cada vez que precisávamos de andar dois quarteirões.

Mas tem razão. Nós não nos preocupávamos com o ambiente. Até então, as fraldas dos bebés eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. A secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas de 220 volts. As energias solar e eólica é que realmente secavam as nossas roupas. As crianças usavam as roupas que tinham sido dos seus irmãos mais velhos e não roupas sempre novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o ambiente naqueles dias. Naquela época só tínhamos uma TV ou rádio em casa e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha um ecrã do tamanho de um lenço, não um ecrã do tamanho de um estádio, que depois será deitado fora como?
Na cozinha, tínhamos que bater tudo à mão porque não havia máquinas eléctricas que fizessem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo, e não plástico com bolhas que leva cinco séculos para começar a degradar. Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina para cortar a relva, era sim utilizado um cortador de relva que exigia músculos. O exercício era extraordinário e não precisávamos de ir a um ginásio e usar passadeiras de corrida que também funcionam com electricidade.
Mas está certo: não havia, naquela época, preocupação com o ambiente. Bebíamos directamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora sujam os oceanos. Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes em vez de comprar uma nova. Afiávamos as navalhas, em vez de deitar fora todos os aparelhos ‘descartáveis’ e poluentes só porque a lâmina deixou de cortar.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas apanhavam o autocarro e as crianças iam de bicicleta ou a pé para a escola, em vez de usarem a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a kms de distância no espaço, só para encontrarmos a pizzaria mais próxima.

Então, não é risível que a actual geração fale tanto em ambiente, mas não queira abrir mão de nada e não pense em viver um pouco como na minha época?”

Autor desconhecido
Comentários
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4 comments on “Ecologia no meu tempo
  1. Anónimo

    Como não somos seres inteligentes, chegamos a este estado…

    9 de Outubro, 2011
  2. Manuela Araújo

    Quanto já tenho pensado nisso – mas a verdade é que a minha geração e a geração dos meus pais não pensou nisso, porque não soube atempadamente das consequências, porque foi manipulada pelo capitalismo consumista, perseguindo ideais "americanos". A geração dos meus avós, essa sim, não precisava pensar nisso…

    Adorei o texto, parabéns, Mab 🙂

    9 de Outubro, 2011
  3. Anónimo

    No entanto… Não nos podemos esquecer de que praticamente tudo o que aqui está descrito foi obtido graças ao Sistema Monetário e há constante necessidade de Maximizar LUCROS a qualquer custo… Por isso praticamente acabaram as garrafas de vidro, praticamente acabaram os sacos de pano para ir ao pão, praticamente acabou tudo o que tinha que acabar… e tudo o que praticamente acabou porque simplesmente não gerava LUCRO SUFICIENTE… a Culpa é que Avós, Pais, Filhos e Netos deixaram-se levar pela principal arma do S.M. a Publicidade…

    10 de Outubro, 2011
  4. UniPlanet

    Aos poucos e poucos, fomos adoptando estilos de vida cada vez mais insustentáveis… E agora que se fala tanto em ecologia faz-se realmente muito pouco…
    E é claro que o lucro e a publicidade conseguem mover a sociedade mesmo para onde ela não quer ir…

    15 de Outubro, 2011
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