Libertem a Lolita, uma Orca em Cativeiro Há 46 Anos
Já deve ter ouvido falar do filme “Libertem a Willy”, mas já ouviu falar de Lolita?
Lolita é uma orca que tem sido mantida numa piscina, não maior do que uma de hotel, há 46 anos.
Foi capturada em 1970, com 4 anos, e tem vivido dia e noite num tanque com cerca de 24 x 11m e 6m de profundidade – dimensões semelhantes às de uma piscina de hotel. Isto tendo em conta que a orca mede cerca de 6m. Acredita-se que seja a orca mantida há mais tempo em cativeiro.
Para a sua captura traumática, em 1970, foram usadas redes, cordas e explosivos para separar as baleias adultas das crias.
Durante este processo, 5 baleias assassinas morreram.
“Asseveramos que as condições de cativeiro de Lolita violam o Decreto de Espécies Ameaçadas da América”, diz Howard Garrett, da organização Orca Network que está à frente de um processo no tribunal para mudar Lolita para um refúgio marinho, segundo o The Sunday Times.
Lolita vive no Seaquarium de Miami, na Flórida, que é propriedade da empresa Arle Capital, com sede em Londres. Estima-se que esta atração turística da Flórida tenha um lucro anual de cerca de 950 000€. Lolita faz espetáculos para os visitantes 7 dias por semana.
No site do parque aquático, pode-se ler “a conservação e a educação andam de mãos dadas”.
Julie Foster, representante da Arle Capital, afirmou que os veterinários se asseguram que Lolita permaneça saudável e que o tanque está de acordo com os requisitos legais.
“Seria uma experiência irrefletida e cruel [tirá-la do tanque] que a faria passar por um processo de transporte traumático e que comprometeria a sua vida”, defende Julie. “Todos os anos, mais de 85 000 alunos e 600 000 outros convidados visitam o Seaquarium de Miami para ver e aprender sobre a Lolita. Acreditamos que esta extraordinária experiência educativa chama à atenção e traz apreciação para as orcas e a vida marinha em geral.”
A luta para libertar Lolita já decorre há anos e tem envolvido grupos como a PETA, que processou o Seaquarium em 2015.
As orcas são animais muito sociáveis que nadam em grupos unidos. O antigo companheiro de Lolita, Hugo, morreu no mesmo tanque há 36 anos, em 1980, depois de bater repetidamente com a sua cabeça contra um dos lados do tanque e, desde aí, a solitária Lolita não teve qualquer contacto com a sua espécie.
As pessoas que se opõem ao plano de libertação apontam os casos de outras baleias que foram libertadas e que morreram como consequência – como Keiko, famoso pelo seu papel como Willy, que foi libertado em 2002, perto da Islândia, e que morreu por não se ter conseguido reintegrar num grupo de orcas.
Fonte: Independent