Gatos: Puzzles com comida aumentam bem-estar e melhoram problemas comportamentais
O efeito dos puzzles com comida – dispensadores de comida que libertam alimento quando os animais interagem com eles – nos gatos é uma área de estudo relativamente nova. No Journal of Feline Medicine and Surgery de setembro de 2016, um grupo de veterinários e consultores de comportamento felino dos EUA examinou os dados empíricos existentes sobre os benefícios físicos e emocionais proporcionados por estes puzzles e compararam detalhes de mais de 30 casos observados nos seus próprios consultórios, nos quais estes quebra-cabeças foram introduzidos para ajudar a resolver um problema de saúde ou comportamental.
Os gatos domésticos são muito semelhantes aos seus antepassados selvagens – o gato-bravo africano –, relativamente às suas necessidades, e, por vezes, o estilo de vida que levam dentro de casa pode dar origem a problemas comportamentais (incluindo a agressão, a marcação de território e a busca desesperada por atenção) e problemas de saúde, como a obesidade. É aqui que surgem os puzzles com comida, como método para mitigar estes potenciais problemas.
Estes mecanismos, originalmente desenvolvidos para enriquecer o ambiente físico e social dos animais em cativeiro em zoos e laboratórios, aproveitam-se dos instintos naturais que os felinos têm para “caçar” a sua comida. Existe uma vasta gama destes produtos no mercado; no entanto, não precisam de ser comprados – podem ser feitos, facilmente, em casa, cortando, por exemplo, buracos numa caixa de ovos ou numa garrafa de água. Alguns são móveis (os gatos fazem-nos rolar ou puxam-nos com as patas ou o nariz), outros são fixos e podem ser usados com comida seca ou húmida.
Entre os exemplos apresentados pelos autores do estudo, encontram-se os casos de um gato obeso de 8 anos que perdeu 20% do peso 12 meses após a implementação destes mecanismos; o de um gato de 3 anos cujo comportamento agressivo em relação ao seu dono melhorou instantaneamente, tendo ficado completamente resolvido em 6 meses e ainda o caso de um gato de 2 anos cujo medo de pessoas (inclusivamente dos seus donos) melhorou significativamente com a adição de puzzles, tanto móveis como fixos, até ao ponto em que o animal ia quando era chamado e estava suficientemente relaxado para ser acariciado.
Os autores oferecem ainda indicações para escolher e implementar os puzzles – uma vez que cada gato poderá ter as suas próprias preferências em relação a estes produtos –, assim como conselhos relativos a possíveis desafios, como eventuais preocupações dos donos com o barulho à noite ou com ração espalhada pela casa. Com tempo, paciência e uma introdução adequada, a maioria dos gatos conseguir-se-á ajustar aos puzzles, de tal modo que o conselho dos autores se estende a métodos para aumentar a dificuldade dos puzzles para “caçadores avançados”. O objetivo final seria ter vários tipos destes puzzles disponíveis e que todas as refeições dos gatos fossem servidas deste modo.