Rutger Bregman: Porque se deveria dar um rendimento básico a toda a gente
Que ideia poderia ligar pessoas tão diferentes como Thomas Paine, Martin Luther King e Milton Friedman? Há quem lhe chame o “dividendo do cidadão”, outros chamam-lhe “rendimento básico”. Rutger Bregman prefere a designação “dinheiro gratuito para todos”.
Nesta palestra no Tedx2014, Rutger Bregman, autor do livro “Utopia for Realists: The Case for a Universal Basic Income, Open Borders, and a 15-hour Workweek”, conta-nos porque se deveria dar a todas as pessoas um rendimento básico incondicional (RBI) – um rendimento para todos os cidadãos, ricos, pobres, com ou sem emprego, para que os mesmos possam pagar as suas necessidades básicas, como a comida, o alojamento e a educação. O escritor tenta ainda esclarecer algumas das principais dúvidas referentes ao RBI, acompanhando os seus argumentos com informações sobre os projetos-piloto já realizados em vários países.
Destes, Rutger Bregman destaca uma experiência levada a cabo em Londres, em 2009, na qual uma instituição de caridade local decidiu oferecer “dinheiro gratuito”, cerca de 3500€, a 13 sem-abrigo da cidade. Os sem-abrigo tinham total liberdade para decidir como gastar esse dinheiro. Nem os próprios assistentes sociais a trabalhar na experiência tinham grandes expectativas em relação à mesma, pensando que estes homens iriam gastar o dinheiro em bebidas alcoólicas, drogas, apostas, etc.. No entanto, ao fim do primeiro ano, verificou-se que, em média, só 900€ desse dinheiro tinham sido gastos – em coisas como um telemóvel, um passaporte, um dicionário, entre outros.
Um ano depois, algo surpreendente aconteceu: 7 dos 13 sem-abrigo tinham um teto sobre as suas cabeças e outros dois estavam à procura de casa. Alguns frequentaram aulas de jardinagem, um outro aprendeu a cozinhar e todos fizeram planos para o futuro. Será, deste modo, como o The Economist concluiu: “A forma mais eficiente de se gastar dinheiro com os sem-abrigo poderá ser, simplesmente, dar-lhes esse dinheiro”.
“As utopias têm a tendência de se tornarem realidade”, defende Rutger Bregman. “O fim da escravatura, a igualdade de direitos para os homens e as mulheres, a democracia – todas elas foram, um dia, consideradas ideias utópicas impossíveis.”
“As ideias podem e fazem o mundo mudar (…) Mais forte do que mil exércitos é uma ideia cujo tempo chegou. E acredito que, neste século, é chegada a hora para o dinheiro gratuito para todos.”