A floresta negra de Portugal fotografada por John Gallo
Este é o número de que ninguém quer falar: 42% do nosso país, 38 000 km², arderam nos últimos 35 anos – entre 1980 e 2015. Em Espanha 12%, na Grécia 12,2%, em Itália 12,6%, na França 1,3% de área ardida.
Em 35 anos ardeu em Portugal o equivalente à área total da Holanda ou da Dinamarca. Metade dos incêndios florestais que acontecem na UE, ocorrem em Portugal.
Cerca de 98% dos incêndios florestais têm origem humana, mas na sua maioria não são provocados por criminosos, são provocados por desleixo ou ignorância. Os terrenos abandonados são depois o rastilho, provocando incêndios de tamanho desproporcional.
É agora que se tem de falar de prevenção, é agora que é necessário sensibilizar a população para a limpeza dos terrenos e ensinar boas práticas para que a nossa relação com a floresta se transforme, ajudando a evitar o inferno anual dos incêndios florestais, que desde há quatro décadas dizimam o nosso património natural. Em paralelo com as novas medidas e legislações, é necessária uma mudança de mentalidades.
John Gallo é um fotógrafo português que tem sido distinguido internacionalmente desde 1998. Em 2015 foi-lhe atribuído o galardão Joan Wakelin Award pelo jornal britânico The Guardian em parceria com a Royal Photographic Society. O trabalho “Pilgrims” deste autor foi considerado um dos melhores de 2016 publicados pelo Público/P3.
O ambiente e o futuro do nosso planeta são algumas das preocupações deste autor e foi nessa condição que em 2015 iniciou o projeto fotográfico “Floresta Negra”, que agora se transforma num movimento da sociedade civil.
Floresta Negra é um livro de fotografia, é um website, é uma campanha de sensibilização e educação. É um hino à natureza e aos heróis que a protegem.
O Livro “Floresta Negra” está em crowdfunding até 22 de novembro. Apoie este projeto aqui.
Quem apoiar a campanha receberá uma recompensa pela sua contribuição, “que pode ser um original presente de Natal, como por exemplo o livro ‘Floresta Negra’ assinado pelo autor e com um agradecimento público ao apoiante”. Os montantes angariados para além do financiamento dos custos do projeto serão atribuídos à Liga dos Bombeiros Portugueses.
“Com Floresta Negra, o objetivo não é apenas prestar uma homenagem a todos os que combatem os incêndios florestais, especialmente Bombeiros e Proteção Civil (…), mas também chamar a atenção da opinião pública para esta catástrofe. (…) Este é um exercício conceptual, longe do estilo de cobertura jornalística, longe das chamas espetaculares que tudo queimam e que tudo iluminam. De certa forma, o resultado final é um hino à natureza – um “quase conceito”, onde as plantas carbonizadas e árvores petrificadas partilham a morte connosco; silencioso, longo e doloroso requiem postmortem que só pode ser cantado pela natureza e raramente compreendido por seres humanos. Nestas fotografias não há escala, tão só a escala da natureza, a escala da extinção” explica o autor.
O projeto tem o apoio institucional da Autoridade Nacional de Proteção Civil, da Liga dos Bombeiros Portugueses, da Fujifilm e do Público/P3 (media partner).