Ilha sul-coreana quer atingir autossuficiência energética com renováveis
A Ilha de Gapa, na Coreia do Sul, está a aproveitar os recursos energéticos renováveis de que dispõe para alcançar a autossuficiência energética, livre de emissões de carbono, até 2030.
Foram investidos 11,4 milhões de euros no projeto-piloto, lançado em 2011, que selecionou a ilha devido ao seu tamanho reduzido – cerca de 0,85 km² – e à abundância de recursos energéticos renováveis.
O projeto é responsável pela instalação de 2 turbinas eólicas de 250kW, assim como de painéis solares de 174kW em 49 locais. Também foram instalados medidores de energia de controlo remoto, um dispositivo de armazenagem de energia, um centro de controlo do sistema e equipamento de conversão da energia. A eletricidade gerada desta forma alimenta as casas da ilha, quatro carros elétricos e uma central de dessalinização.
As vidas dos 178 habitantes da ilha têm mudado significativamente graças ao projeto – 49 dos 97 agregados familiares da ilha têm agora painéis solares. Antes do início do projeto, a eletricidade custava entre 95€ e 103€, por mês, durante o Verão; hoje em dia, porém, o preço baixou para um valor entre 16€ e 20€, conta o jornal sul-coreano Hankyoreh. O número de turistas também aumentou consideravelmente – de 10 mil em 2008 e 40 mil em 2011, para 110 mil em 2015.
“No princípio não estávamos satisfeitos com os resultados da energia renovável. Agora, no entanto, é vantajosa para nós de duas formas: as nossas contas de eletricidade estão mais baixas e o número de turistas aumentou”, declarou o presidente da câmara da ilha de Gapa, Jin Myeong-hwan.
A capacidade geradora combinada das energias solar e eólica é de 674kW/dia, um valor bastante superior à necessidade média diária da ilha, 142kW, e à máxima, 230kW. No entanto, o abastecimento não é estável e a energia extra é armazenada no sistema de armazenamento de energia de 3,86MWh, tendo de ser usada em 8 horas.
De 23 de abril a 12 de julho de 2016, a ilha teve uma taxa de autossuficiência energética cumulativa de 42% – 32% de energia eólica e 10% de energia solar –, o que significa que ainda vai a menos de metade do seu objetivo.
“Se duplicássemos a capacidade do atual sistema de armazenamento de energia, poderíamos fornecer energia até 3 dias e subir o nível de autossuficiência para 100%. Mas para o fazermos, o preço do armazenamento de energia em vigor tem de descer até metade”, declarou Hwang U-hyeon, da Korea Electric Power Corporation (KEPCO).
Mais duas ilhas sul-coreanas têm os seus próprios projetos de autossuficiencia energética, Gasa e Ulleung, sendo a população da última de cerca de 10 mil habitantes. Eventualmente o objetivo será tornar a ilha de Jeju – casa de 600 mil habitantes – autossuficiente a nível energético e sem emissões de carbono, até 2030.
Se formos bem-sucedidos na Ilha de Jeju, planeamos alargar gradualmente esse êxito a cidades no continente. Carros elétricos, painéis solares para as casas e armazenamento de energia guiarão o caminho para a mudança”, disse Hwang U-hyeon.