Há conflitos de interesses em muitos estudos sobre OGM, dizem investigadores
Para um estudo publicado na revista científica PLOS ONE, uma equipa de investigadores franceses analisou mais de 500 artigos de investigação sobre culturas geneticamente modificadas (OGM) e descobriu conflitos de interesses financeiros em 40% destes trabalhos. Por outras palavras, pelo menos um dos autores em cada um destes estudos declarou ser filiado numa empresa de biotecnologia e sementes ou ter recebido financiamento ou pagamentos de uma destas empresas.
“Descobrimos que as ligações entre os investigadores e a indústria de culturas geneticamente modificadas eram comuns, com 40% dos artigos analisados a apresentar conflitos de interesses”, diz o estudo.
Os investigadores também descobriram que os estudos onde existiam conflitos de interesses tinham muito mais probabilidade de serem favoráveis às culturas de transgénicos do que os estudos livres de interferências financeiras.
“Quando os estudos apresentavam um conflito de interesses, este facto aumentava em 49% a probabilidade das suas conclusões serem favoráveis às culturas geneticamente modificadas”, explicou Thomas Guillemaud, diretor de investigação do Instituto Nacional de Investigação Agrícola de França.
O estudo examinou 579 artigos – entre os quais 404 da América e 83 da China – sobre a eficácia e a durabilidade das culturas que são modificadas para resistirem a pragas com uma toxina chamada Bacillus thuringiensis. Para determinar a presença de conflitos, a equipa analisou a forma como os estudos foram financiados.
Dos 350 artigos sem conflitos de interesses, 36% foram favoráveis às empresas de OGM. Dos 229 estudos com conflitos de interesses, 54% foram favoráveis a estas empresas.
“Achávamos que íamos encontrar conflitos de interesses, mas não estávamos à espera de encontrar tantos”, disse o investigador.