Mais de 10 mil leopardos vendidos como troféus de caça na última década
O Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA anunciou recentemente que todos os leopardos poderão vir a ser classificados como “ameaçados” em conformidade com a Lei das Espécies Ameaçadas, uma medida que reforçará a proteção contra a caça de troféus.
Os leopardos estão em risco de extinção em vários pontos da sua área de distribuição natural. Na África subsaariana, a população destes felinos sofreu um declínio de mais de 30% nos últimos 25 anos, para além de ter perdido entre 48 e 67% do seu habitat histórico neste continente.
Entre 2005 e 2014, foram comercializados, a nível mundial, pelo menos 10 191 leopardos como troféus de caça, com os EUA a encabeçar a lista de importadores, sendo responsável por 45% deste comércio, de acordo com a Humane Society. O número de importações de troféus de leopardo no país tem-se mantido acima dos 300 por ano desde 1999, apesar do Serviço de Pesca e Vida Selvagem (FWS na sigla inglesa) se ter comprometido, em 1982, a apenas autorizar a entrada de “poucos” troféus. Em 2014, por exemplo, os caçadores norte-americanos importaram 311.
A decisão anunciada pelo FWS dará início a uma revisão abrangente do estatuto da espécie. “A revisão do estatuto da espécie já há muito que tarda e é imperativo que o FWS conclua este processo rapidamente e que tome as medidas necessárias para aumentar a supervisão das importações de troféus de leopardos africanos, como a lei requer”, disse Anna Frostic da Humane Society.
“Os leopardos na Ásia e no norte da África já há muito tempo que são reconhecidos como ameaçados e os Estados Unidos devem alargar este mesmo nível de proteção a todos os leopardos para reverter o seu declínio perturbante”, declarou Sarah Uhlemann do Centro pela Diversidade Biológica.
O leopardo (Panthera pardus) está incluído no Apêndice I da CITES, o que proíbe o seu comércio internacional para fins comerciais, mas não proíbe o comércio de troféus de caça, explica a Humane Society. “A competição para a obtenção de recordes e prémios, como o “Grand Slam Cats of the World” do Safari Club International, entre outros, levam os caçadores de troféus abastados a procurar os animais mais raros do mundo, numa altura em que a antiga crença de que estas mortes ajudavam o trabalho de conservação se está a desmoronar com os crescentes indícios de que o ecoturismo impulsiona mais as economias do que as expedições de caça”, defende a organização.