Proibido o abate de cães no maior mercado de carne de cão da Coreia do Sul
A Coreia do Sul proibiu o abate de cães no maior mercado sul-coreano de carne de cão, responsável por cerca de um terço de toda a carne de cão consumida no país.
As instalações de abate, assim como as jaulas para os animais, serão removidas do Mercado de Moran, em Seongnam, já na próxima semana e os 22 comerciantes de carne de cão receberão ajuda financeira para que possam mudar de ramo de atividade, conta a BBC.
O presidente da Câmara de Seongnam, Lee Jae-myung, explicou que com esta medida se pretendem abordar duas questões prementes: a do bem-estar animal e a da reputação da cidade e do próprio país. “A cidade de Seongnam tomará a iniciativa de modo a transformar a imagem da Coreia do Sul uma vez que ‘a grandeza de uma nação pode ser julgada pela forma como os seus animais são tratados’”, declarou o presidente, citando Gandhi.
A proibição foi saudada, embora com alguma cautela, pela Associação Coreana pelo Bem-Estar Animal. “A cidade de Seongnam deu um grande passo no sentido de mudar a indústria de carne de cão por cá”, disse um dos membros da associação, Jang In-young. “Mas teremos de verificar constantemente as lojas de carne de cão no mercado para ver se estas param mesmo de matar cães e se mudam de negócio. O governo da cidade também precisará de continuar a fazer avançar a ideia de uma proibição total da venda de carne de cão.”
O Mercado de Moran abriu portas nos anos 60 e vende de tudo, desde antiguidades a animais vivos. Os cães exibidos à venda são mantidos em jaulas muitas vezes sobrelotadas, enquanto aguardam que um cliente os compre. Estima-se que, todos os anos, sejam vendidos 80 mil cães, mortos ou vivos, neste local.
A indústria de carne de cão é simultaneamente legal e ilegal, segundo a lei sul-coreana. O Ato da Indústria Pecuária classifica os cães como gado, o que permite o seu abate para consumo, desde que este não seja realizado de uma forma cruel. O Ato do Controlo Sanitário de Produtos de Pecuária não define os cães como gado ou como animais aptos para o consumo humano.
Ao longo dos anos, cada vez mais ativistas e residentes locais se têm manifestado contra o abate de cães no mercado, que muitas vezes recorre a métodos cruéis. O consumo de carne de cão tem diminuído acentuadamente nos últimos anos – uma sondagem recente revelou que a maioria dos sul-coreanos nunca provou esta carne e é contra o seu comércio –, ao mesmo tempo que se tem verificado um aumento no número de animais de companhia no país.