China vai proibir comércio de marfim até final de 2017
A China anunciou, no dia 30 de dezembro, que vai proibir o comércio doméstico e a transformação de marfim até ao final de 2017. A medida foi saudada pelos ambientalistas que a consideram “um dos maiores sinais de esperança para os elefantes africanos desde o começo da atual crise de caça furtiva”.
Segundo anunciado, o país irá parar as vendas e o processamento de marfim para fins comerciais, gradualmente, até 31 de dezembro de 2017. A proibição total afetará 34 empresas de transformação e 143 estabelecimentos de venda registados, sendo que dezenas destes estabelecimentos serão fechados até finais de março, conta o The Guardian. O comunicado surge no seguimento da promessa feita pelo governo chinês, em 2015, para acabar com o seu mercado de marfim.
“São excelentes notícias estas do encerramento do maior mercado de marfim de elefante do mundo”, declarou Aili Kang, diretora executiva da Wildlife Conservation Society na Ásia. “Estou muito orgulhosa do meu país por estar a mostrar este exemplo que ajudará a garantir que os elefantes têm uma oportunidade de derrotar a extinção. Este é um ponto de viragem para os elefantes de África.”
A procura de marfim tem aumentado nos últimos anos, impulsionando a caça furtiva que “está a levar os elefantes à extinção”, diz o NRDC. Estima-se que, só no ano passado, tenham sido mortos mais de 20 mil elefantes devido ao seu marfim, com números semelhantes nos anos anteriores. Na China, este produto é visto como um símbolo de status e o preço de um quilo pode chegar a cerca de 1050€.
A CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem) proibiu o comércio de marfim em 1989. Como muitos outros países, a China autoriza a revenda de marfim adquirido antes da proibição de 1989, para além de possuir uma reserva, adquirida em 2008 com a aprovação da CITES, que é comercializada com certificação.
Marfim esculpido
Após o encerramento do mercado, o Ministério da Cultura da China vai ajudar os trabalhadores do sector do marfim a mudar de ramo de atividade. Escultores famosos, por exemplo, serão encorajados a trabalhar em museus ou noutras instituições na reparação e manutenção de artefactos de marfim.
O governo do país vai ainda trabalhar na prevenção da venda, transformação e transporte ilegais de marfim, o que envolverá investigações e inspeções de mercado e o encerramento de espaços de venda, tanto físicos como online. A educação do público para a importância de se rejeitar o marfim e os seus produtos também está prevista nas medidas do governo.
As proibições do comércio interno de marfim são críticas para travar a caça ilegal de elefantes, dizem os conservacionistas, que convidam outros países e estados, nomeadamente o Reino Unido, a seguir o exemplo da China.