É mesmo verdade: Michigan proíbe a proibição de sacos de plástico
O estado de Michigan, nos EUA, acabou de aprovar uma lei que proíbe os governos locais de proibir, regular ou taxar a utilização de sacos e outras embalagens de plástico. Sim, não é um erro: não foram os sacos de plástico que foram proibidos – o que foi proibido foi a sua proibição.
A lei foi sancionada pelo vice-governador, Brian Calley, que está no comando enquanto o governador do estado, Rick Snyder, está de férias, e decreta a proibição de “regular a utilização, distribuição ou venda, proibir, restringir ou impor qualquer taxa, despesa ou imposto em certas embalagens”, entre as quais os sacos, os copos e as garrafas de plástico.
Desta forma e mesmo que quisessem, as cidades e os municípios do estado não têm autorização para proibir os sacos de plástico ou cobrar taxas sobre os mesmos, explica o Washington Post.
A medida foi saudada pela Associação de Restaurantes de Michigan. “Sendo que muitos dos nossos membros possuem ou gerem negócios espalhados pelo estado, prevenir uma abordagem fragmentada de regulamentações adicionais é imperativo para se evitarem complexidades extra”, disse Robert O’Meara, vice-presidente da associação.
O Michigan deu assim um passo na direção contrária à de um número crescente de países e estados que estão a limitar o uso destes sacos, em virtude do seu impacto ambiental. Nos aterros, um saco de plástico demora séculos – há quem diga um milénio – a decompor-se. No mar, o plástico é uma ameaça para a vida marinha e tem vindo a preocupar cada vez mais os cientistas.
Estima-se que, todos os anos, 8 milhões de toneladas de plástico invadam os oceanos. Estes detritos são comidos por aves marinhas, baleias, tartarugas, peixes e muitos outros animais marinhos que os confundem com comida. Um estudo recente demonstrou que as aves marinhas são atraídas para o plástico no mar por este cheirar à sua comida, o que as leva a ingeri-lo e a dá-lo de alimento às suas crias. As consequências são trágicas para estes animais: os investigadores têm encontrado aves mortas com mais de 200 peças de plástico no estômago.
Em 2002, o Bangladesh tornou-se o primeiro país do mundo a proibir certos tipos de sacos de plástico. A China seguiu o mesmo exemplo em 2008. Outros países, como Portugal, a África do Sul e a Itália, também já implementaram restrições ao uso destes sacos. Em 2016, a França proibiu outros tipos de utensílios de plástico descartáveis, como os copos, os talheres e os pratos.