Alemães inventam saco para lavar roupa que impede as microfibras de chegar ao mar
As notícias sobre a poluição causada pelas microfibras de plástico que se libertam dos tecidos sintéticos durante a lavagem dos mesmos, levou os alemães Alexander Nolte e Oliver Spies, proprietários de uma cadeia de lojas que vende roupa desportiva, a chegar a uma decisão. “Dissemos: ‘Ou temos de parar de vender [roupa] polar ou temos de pensar numa solução’”, conta Alexander Nolte.
Acabaram por enveredar pela segunda opção e foi assim que surgiu o Guppy Friend, um saco capaz de capturar as fibras que se soltam da roupa à medida que esta é sacudida e centrifugada na máquina de lavar, impedindo a sua fuga para os rios, lagos e oceanos, onde são uma ameaça para plantas e animais. O saco é suficientemente grande para que caibam dentro dele dois ou três casacos polares ou outro tipo de roupa feita de tecidos sintéticos.
O Guppy Friend é feito de poliamida (nylon), que não liberta fibras facilmente, e mantém-se funcional e intacto mesmo após centenas de lavagens. Quando se retira o saco da máquina de lavar, no final da lavagem, as fibras ficam visíveis contra o material branco do saco, prontas para serem removidas com facilidade à mão.
As fibras sintéticas não são biodegradáveis, ao contrário das naturais (p.ex., algodão e lã), e ainda podem acumular poluentes químicos, como pesticidas e retardadores de chama, presentes nas águas residuais. As fibras da roupa desportiva também são frequentemente revestidas com químicos para que cumpram determinados fins, como serem resistentes à água. Vários estudos têm detetado problemas de saúde no plâncton e em outros pequenos organismos que ingerem microfibras. Também têm sido descobertos microplásticos dentro do peixe e marisco vendidos aos consumidores um pouco por todo o mundo.
Ainda não existem estudos que revelem efeitos negativos causados pelas microfibras na saúde humana. “A investigação científica é lenta, por isso pode ser precisa mais uma geração para se descobrirem que danos [estes poluentes] farão. Não quero esperar tanto tempo”, disse Alexander Nolte.
A invenção dos alemães atraiu a atenção da marca de roupa desportiva Patagonia que decidiu contribuir para o financiamento do projeto e ajudou a melhorar a capacidade de capturar fibras do saco. Em 2015, a marca encomendou um estudo que revelou que a lavagem de um dos seus casacos polares de poliéster libertava até 250 mil fibras sintéticas.
Os dois alemães já têm 30 mil encomendas para o Guppy Friend que será comercializado nas suas lojas e também pela Patagonia – a marca disse que o fará sem fins lucrativos, cobrando apenas o preço que os alemães lhe fizerem mais os custos de envio. O preço ainda não está decidido, mas deverá rondar 20€-30€.
Nolte e Spies já têm outro projeto em mãos: estão atualmente a criar um sistema métrico que mostra a taxa/quantidade de fibras soltas por um determinado têxtil, de modo a ajudar os designers de roupa a escolher os tecidos que libertem menos fibras.