Burger King está a causar a destruição de florestas tropicais no Brasil e Bolívia, diz relatório
A cadeia de fast-food Burger King alimenta os animais com soja proveniente de áreas desflorestadas da floresta tropical do Brasil e da Bolívia, revelou um novo relatório da organização Mighty Earth. “Hambúrgueres e batatas fritas não justificam a destruição de florestas tropicais”, diz o trabalho.
“O Burger King é uma das maiores empresas de fast-food do mundo, mas aparece sistematicamente em último lugar no que toca a políticas de proteção ambiental”, declarou Sharon Smith, gestora de florestas tropicais da Union of Concerned Scientists.
Recorrendo a drones, imagens de satélite, ferramentas de análise de cadeias de fornecimento e com base em entrevistas e visitas às plantações nos dois países, a organização descobriu um padrão sistemático de queimadas florestais perpetuadas pelos agricultores locais de modo a fazer espaço para a produção de soja de dois fornecedores do Burger King, Cargill e Bunge.
A destruição de áreas de floresta tropical e savana denunciada pelo relatório concentra-se nas terras baixas da Bolívia e no Cerrado brasileiro, onde o ritmo de desflorestação está a ultrapassar o da Amazónia.
Desflorestação no estado do Mato Grosso (Paulo Whitaker/Reuters) | 1ª foto: Mike Mozart
No ano passado, foram desflorestados, no total, quase 2 milhões de hectares de terras – 15 vezes o tamanho da Inglaterra – no Brasil. Da mesma forma, estima-se que tenham sido desflorestados 865 mil hectares de floresta na Bolívia. A destruição de habitat afeta as espécies nativas ameaçadas, como o jaguar, o urso-formigueiro-gigante e a preguiça, para além de forçar o deslocamento, muitas vezes com recurso a violência, de povos indígenas e populações locais.
O Burger King, que pertence à empresa brasileira de investimento 3G Capital, recusou excluir a compra de produtos produzidos em áreas desflorestadas, conta o The Guardian.
A produção de soja não está por trás de toda a desflorestação, mas a Mighty Earth defende que as empresas do sector alimentar não estão a fazer o suficiente para prevenir a desflorestação nas áreas onde trabalham e que oferecem incentivos financeiros que ainda a estimulam.