Portugal e os eucaliptos
O Governo avançou com uma proposta de lei que altera as ações de arborização e rearborização e que põe um travão à expansão da área de eucalipto.
No dia 20 de abril, decorreu no parlamento o debate da reforma das florestas e da decisão de se proibir a plantação de novas áreas de eucalipto.
No dia 21 de abril, a CELPA – Associação da Indústria Papeleira defendeu que esta proibição era um “enorme prejuízo para a economia portuguesa“. “A fileira industrial baseada no eucalipto tem sabido aproveitar os recursos naturais de que o país dispõe (…) utilizando uma espécie bem adaptada, e tem-no feito de forma exemplar, responsável e com total respeito pelo ambiente”, argumentou a associação, defendendo que a proibição “prejudica os produtores florestais, provoca perda de competitividade da indústria da pasta e papel e contrai a economia do país”.
No mesmo dia, depois das críticas da CELPA, o Governo garantiu que pretende “aumentar a produção e a produtividade do eucalipto” e que continuará a apoiar o sector da celulose e do papel.
“O Governo pretende aumentar a produção e a produtividade do eucalipto, permitindo que se façam novas plantações de eucalipto em áreas de maior produtividade, por contrapartida à redução de áreas de fraca produtividade”, afirmou o Ministério da Agricultura.
O gabinete de Luís Capoulas Santos acrescentou que a indústria da celulose e do papel é “fundamental para a economia nacional”, e que “continuará a apoiar o sector, nomeadamente através da atribuição de fundos nacionais e comunitários destinados à exploração florestal, incluindo os povoamentos de eucalipto”. “O Governo pretende, simultaneamente, travar a expansão da área de eucalipto, que se tornou já a espécie dominante na nossa floresta e aumentar a disponibilidade de matéria-prima para a indústria da celulose”, acrescentou.
Fonte: ICNF
Em janeiro deste ano, o Governo tinha anunciado que iria disponibilizar mais de 18 milhões de euros para melhorar a produtividade na plantação de eucalipto.
As monoculturas de eucaliptos, uma espécie exótica, aceleram os efeitos da erosão dos solos, devido à necessidade abundante de água e empobrecem a biodiversidade, o que foi demonstrado num estudo recente da Universidade de Vigo.
Relativamente à poluição desta indústria, são comuns as imagens de espuma branca a cobrir o rio Tejo, na zona de Abrantes. Tendo sido a Celtejo, fábrica de pasta de papel da Altri, apontada como uma das autoras das descargas ilegais.
Fontes: Jornal de Negócios, RTP e Expresso