Mais quatro companhias aéreas chinesas proibiram o transporte de barbatanas de tubarão
Em janeiro, a Air China tornou-se a primeira companhia aérea na China continental a proibir o transporte de barbatanas de tubarão nos seus voos. Agora foi a vez da Eastern Air Logistics Co. anunciar a mesma proibição, relativamente às suas quatros companhias aéreas.
“Os cientistas estimam que, por ano, sejam usadas as barbatanas de até 73 milhões de tubarões na sopa de barbatana de tubarão, sendo que muito do comércio deste produto tem como destino a China”, disse Alex Hofford do grupo de conservação WildAid, que aplaudiu a decisão das empresas, argumentando que “terá, provavelmente, um impacto significativo e duradouro nas populações de tubarões e nos ecossistemas marinhos em todo o mundo”.
“Em resposta ao desenvolvimento sustentável global e à proteção dos ecossistemas marinhos, e para prevenir a extinção dos tubarões, a nossa empresa anunciou oficialmente que todos os carregamentos de barbatanas de tubarão devem ser sujeitos a embargo nos voos da China Eastern Airlines, Shanghai Airlines, China Cargo Airlines e China United Airlines, a partir de 15 de maio de 2017”, diz a nova política da empresa.
No mundo, já são quase 60 as companhias aéreas e de transporte marítimo de contentores – entre as quais a gigante China Cosco Shipping – a adotar políticas contra o transporte destes produtos. Também há cada vez mais empresas de outros sectores a juntarem-se a esta causa, como diversas cadeias de hotéis e restaurantes e as empresas de logística UPS e DHL.
No ano passado, a China divulgou dados que mostram que as importações de barbatana de tubarão sofreram uma queda de 82%, entre 2011 e 2014. Segundo a WildAid, os preços grossistas também diminuíram entre 50% e 67%.
Estes dados são representativos da viragem que parece estar a fazer-se sentir no país, que proibiu, em 2013, a sopa de barbatana nos banquetes oficiais e que, no fim de 2016, anunciou que iria proibir o comércio doméstico de marfim, tendo já encerrado 67 fábricas e lojas deste produto.
O consumo da dispendiosa sopa de barbatana de tubarão, por outro lado, tem aumentado nos últimos anos, à medida que se foi tornando um prato cada vez mais popular nos banquetes e casamentos e um símbolo de status para a classe média.
Os tubarões desempenham um papel fundamental nos ecossistemas marinhos, como predadores de topo, mas o comércio da sua barbatana tem causado um acentuado declínio nos seus números em todo o mundo. De acordo com os conservacionistas, 74 espécies de tubarão encontram-se em risco de extinção, estando 11 “criticamente ameaçadas”.
Em outubro do ano passado, durante a 17ª Conferência das Partes, três espécies de tubarões-raposo e o tubarão-seda passaram a estar sujeitos a restrições no comércio internacional, embora a Islândia e o Japão se tenham oposto a esta decisão.
“É muito encorajador ver as companhias aéreas chinesas a dar o exemplo na questão da conservação de tubarões”, declarou Alex Hofford. “As empresas dos EUA, como a United Airlines, a Delta Air Lines e a FedEx, deveriam estar envergonhadas por não agirem de forma semelhante.”
A WildAid vê ainda, com preocupação, a falta de medidas contra o comércio não regulamentado de barbatana de tubarão em Hong Kong.
1ª foto: Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos
Vídeo sobre o comércio de barbatana de tubarão, com comentários de membros da Sea Shepherd e da Academia de Ciências da Califórnia