Sabe porque devia reparar no tamanho do peixe que compra?
Sabe porque não deve comprar um salmão com menos de 65 cm? Ou um bacalhau com menos de 50 cm, pescado no Atlântico?
O ritmo a que pescamos muitas espécies de peixes não lhes permite crescer e reproduzir-se. A sobrepesca está a levar a que sejam pescados cada vez mais peixes juvenis para satisfazer a procura. Isto significa que, ano após ano, há cada vez menos peixes no oceano.
Na União Europeia, apenas 55 espécies de pescado têm um tamanho mínimo de captura, que, em muitos casos, é inferior ao tamanho com o qual estes animais se podem reproduzir. “Este é o caso do bacalhau, da pescada, dos salmonetes, do camarão-tigre, do polvo, do linguado, do carapau e do peixe-espada, por exemplo”, diz a organização de conservação marinha Oceana.
Para outras espécies, como o congro, o tamboril, as lulas, o tubarão-anequim e a tintureira, a UE “nem sequer estabeleceu um tamanho mínimo, apesar da sua importância comercial”, explica a organização. “Na UE é legal consumirem-se peixes juvenis de dezenas de espécies”, comenta Lasse Gustavsson, diretor executivo da Oceana na Europa.
O que podem os consumidores fazer?
Para ajudar os consumidores a verificar se o peixe que compram tem um tamanho mínimo legal e se não se trata de um espécime juvenil, a Oceana lançou a campanha #fishsizematters (o tamanho do peixe importa, em inglês), que conta com a participação do ator espanhol Miguel Ángel Silvestre.
Consultando o guia digital disponível no site da campanha, descobrimos, por exemplo, que não devemos comprar um linguado, que tenha sido pescado no Atlântico, com menos de 25 cm de comprimento, uma sardinha com menos de 15 cm ou uma solha com menos de 25 cm. Há muitas outras espécies que podem ser consultadas no site.
O objetivo da campanha é sensibilizar os consumidores para esta questão e instar a UE a aumentar o número de espécies com tamanhos mínimos de captura e a garantir que estes limites correspondem ao tamanho de peixes em idade adulta.
“Um dos problemas mais graves que afeta o mar”
Atualmente, 64% das populações de peixes são sobrepescadas na Europa e, quando as capturas são excessivas ou acima da capacidade de recuperação dos peixes, as suas populações vão diminuindo de ano para ano. Para corrigir esta tendência, a organização insiste que é necessário deixar que o pescado chegue à idade adulta e adotar limites de capturas baseados em recomendações científicas.
“Um dos problemas mais graves que afetam o mar é a sobrepesca e permitir que os peixes se reproduzam é de bom senso para o combater”, declarou o diretor executivo da Oceana.
No entanto, este problema não tem recebido tanta atenção como merece. Uma sondagem realizada no Reino Unido, Alemanha, Espanha, Itália e Dinamarca descobriu que mais de 85% do público subestima (37%) ou não sabe (47%) da extensão da sobrepesca na Europa. Isto deve-se, em parte, ao facto de a falta de peixes locais ser suplementada com outras espécies ou com peixes de regiões mais distantes.
“Temos de mudar a maneira de nos relacionarmos com o mar e com o planeta em geral. Cuidemos dele e assim sairemos todos a ganhar”, declarou o ator Miguel Ángel Silvestre. A Oceana acrescenta: “Onde há vontade, há um caminho. É hora de os nossos políticos recuperarem os peixes desaparecidos.”
If we eat tomorrow's fish today, what will our children eat in the future? #FishSizeMatters – Don't eat baby fish https://t.co/dgty3tKpYB pic.twitter.com/U8TVXwdeQ3
— Oceana Europe (@OceanaEurope) 5 de maio de 2017