E se te tivesse a possibilidade de ajudar os oceanos com um só clique?
A Straw Patrol, que visa sensibilizar para a problemática do lixo marinho, especialmente do plástico, submeteu o projeto de preservação dos oceanos “A minha praia” ao Orçamento Participativo de Portugal (OPP) e passou à fase final.
O UniPlanet falou com Carla Lourenço, mentora da Straw Patrol, para ficar a conhecer melhor este projeto. |
UniPlanet (UP): Em que consiste o projeto “A minha Praia”?
O projeto ‘A minha praia’ (AMP) é um projeto de ciência-cidadã que pretende combater o flagelo do lixo marinho através da criação de uma rede alargada de monitorização de lixo marinho ao longo da costa algarvia.
O que propomos é que escolas/agrupamento de escolas adotem uma praia da sua área de residência e fiquem responsáveis por monitorizar o tipo de lixo marinho encontrado, mensal/trimestralmente. Esta monitorização seria, por sua vez, apoiada pelos Municípios, fornecendo o transporte dos estudantes da escola para a praia, facultando também o material necessário para as limpezas (sacos e luvas reutilizáveis) e tratando do encaminhamento dos resíduos não plásticos.
Idealmente, para um maior envolvimento das populações, o que propomos é que os estudantes sejam apoiados por associações/organizações ambientais locais e Centros de Ciência Viva, durante o processo de monitorização.
Desta forma, estaremos a promover o contacto entre vários intervenientes, estaremos a recolher informação sobre o tipo de lixo presente na nossa costa – um tema que tem vindo a ser mais estudado no nosso país – que possibilitará depois uma adequada tomada de decisões quanto a possíveis soluções (ex. redução de plásticos descartáveis de uso único), e estaremos ainda a proteger os ecossistemas marinhos e a biodiversidade marinha.
Há benefícios ambientais, sociais, mas também a nível económico! Estas ações ajudariam ainda a reduzir os custos associados a limpezas de praia, já que seriam individualmente monitorizadas por vários grupos de pessoas.
Para além do trabalho de monitorização, valioso para o conhecimento científico, as escolas poderiam ainda desenvolver trabalhos de reutilização do plástico recolhido durante a monitorização. Cada escola/agrupamento de escolas estaria equipada com um pequeno centro de reciclagem de plástico caseiro (ver aqui), que serviria para trabalhar o plástico recolhido nas praias, criando depois novos objetos, que poderiam ser usados pelos alunos para angariação de fundos ou para associações locais de solidariedade social. Os oceanos agradecem e todos saem a ganhar!
UP: Também nós podemos ajudar a que este projeto se torne realidade. O que podemos fazer?
É muito fácil ajudar a tornar este projeto realidade! Basta aceder ao site do Orçamento Participativo de Portugal (OPP) e selecionar a proposta 220 ‘A Minha Praia’. Depois, é só clicar em votar, escolher o tipo de cidadão de que se trata (cidadão nacional ou estrangeiro) e facultar a informação pedida (no caso do cidadão nacional, o número do Cartão de Cidadão ou do Bilhete de Identidade). Qualquer cidadão pode votar, mas só é possível votar uma vez num projeto regional e num nacional! Por isso leiam o nosso projeto com atenção e se o acharem merecedor do vosso voto, não deixem de nos apoiar! As votações encerram a 10 de setembro!
UP: Quais os principais tipos de lixo que chegam à costa algarvia?
O lixo que chega à costa algarvia é muito variado, desde metal, a papel, cerâmica, madeira… Mas em geral as nossas monitorizações mostram que em média 40% do lixo que recolhemos é plástico! Quanto a artigos específicos é de destacar a elevada presença de pontas de cigarros, palhinhas de plástico, pauzinhos de plástico para mexer o café, cotonetes, os invólucros das palhinhas de plástico, esferovite, cordas e armadilhas de pesca, balões, garrafas de plástico. Mas também já recolhemos lixo mais pesado como pneus, pedaços de banheira, cadeiras, almofadas, um pedaço de um rádio, televisões, um micro-ondas, brinquedos…
No entanto, é importante reforçar algo muito importante: a maior parte do lixo marinho encontrado nas zonas costeiras – 80% para ser mais específica, vem de fontes terrestres! Vem das ruas, dos bairros, das cidades. Esse lixo que é atirado ao chão ou mal acondicionado nos contentores acaba por ser transportado pelo vento e chega às zonas costeiras.
Por outro lado, a presença de cotonetes nas praias é um exemplo muito simples de como tudo o que se deita nas sanitas vai dar aos oceanos.
UP: Onde podemos encontrar mais informação sobre a Straw Patrol, a organizadora deste projeto?
Para saber mais sobre a Straw Patrol basta aceder à nossa página oficial de Facebook, o nosso principal meio de divulgação, e seguir o nosso trabalho! Lá encontrarão muita informação sobre lixo marinho e sobre os estudos científicos desenvolvidos nesta área, mas encontrarão também informação sobre as várias ações que desenvolvemos – tais como as nossas limpezas costeiras mensais e as palestras sobre lixo marinho que levamos às escolas.
Créditos das fotos:
Foto 1: Gustavo Figueiredo (Final da limpeza costeira de Dezembro 2016)
Foto 2 e 3: Carmen B. de los Santos (Monitorização do lixo marinha na Praia de Faro, Janeiro de 2017)