Floresta virgem da Polónia deve deixar de ser Património Natural da UNESCO, diz ministro polaco
Depois de a Comissão Europeia ter enviado um “último aviso” a Varsóvia relativamente ao abate de árvores em grande escala na floresta virgem de Białowieża e de ativistas da Greenpeace se terem acorrentado às máquinas de exploração florestal em protesto, o ministro polaco do Ambiente, Jan Szyszko, declarou que a floresta deveria ser despojada do seu estatuto de Património Natural da UNESCO, o qual proíbe a intervenção humana.
“A floresta de Białowieża recebeu o estatuto de Património Natural da UNESCO de forma ilegal e sem que a comunidade local tivesse sido consultada”, disse num comunicado. O ministro anunciou que “uma queixa tinha sido apresentada junto à Procuradoria-Geral” relativamente a esta questão.
Jan Szyszko designa de contraditório o facto de a floresta ter estatuto de Património Natural da UNESCO e pertencer simultaneamente à rede de áreas protegidas Natura 2000 da UE, que, segundo diz, permite o abate de árvores. Esta declaração foi desmentida pela Greenpeace, que declarou que o abate de árvores também não se enquadrava com as normas da rede Natura 2000.
“Esta é uma tentativa do ministro de impor a sua própria narrativa”, disse Katarzyna Kosciesza, do grupo ambientalista ClientEarth.
O ministro declarou ainda que gostaria que a floresta recebesse um estatuto diferente – Património Misto Natural/Cultural – “e não apenas natural porque a atividade humana na floresta é visível a olho nu”.
A floresta de Białowieża inclui uma das últimas grandes áreas da floresta virgem que cobria a planície europeia há 10 000 anos e é lar das mais altas árvores do continente e de 20 000 espécies de animais, entre as quais o bisonte europeu.
De acordo com o governo polaco, a desflorestação a ocorrer na floresta desde maio de 2016 tem como objetivo travar uma infestação de insetos e combater o risco de incêndios florestais.
No entanto, esta decisão controversa tem sido muito contestada por cientistas, ecologistas e até pela UE. Vários ativistas têm alegado que este se trata apenas de um pretexto para a exploração comercial de florestas primárias protegidas.