Diminui o número de artigos de marfim à venda e caem os preços do marfim na China
Depois de o governo chinês ter anunciado que iria proibir o comércio doméstico de marfim até ao final de 2017, o número de artigos de marfim à venda no país – tanto no mercado legal como no ilegal – diminuiu, ao mesmo tempo que se está a verificar uma queda nos preços deste produto, diz um relatório das organizações de conservação da vida selvagem TRAFFIC e WWF.
O anúncio do governo, que foi saudado pelos conservacionistas como “um dos maiores sinais de esperança para os elefantes africanos desde o começo da atual crise de caça furtiva”, incluía um compromisso para encerrar mais de um terço das fábricas e lojas onde se vende e processa marfim até 31 de março de 2017, sendo que as restantes seriam encerradas até 31 de dezembro deste ano.
Os investigadores da TRAFFIC e da WWF visitaram 50 das 55 lojas fechadas durante a primeira fase de encerramentos e descobriram que apenas uma continuava a vender marfim, se bem que de forma ilícita.
Na maioria das restantes lojas que visitaram, cujo encerramento está agendado para o final deste ano, os artigos de marfim estavam à venda a preços significativamente reduzidos.
“Embora ainda existam alguns desafios de implementação, é muito encorajador o facto de o abandono progressivo agendado do comércio doméstico de marfim parecer estar no bom caminho”, declarou Zhou Fei, ativista da TRAFFIC e da WWF.
Também foi notada uma diminuição do número de artigos à venda ilegalmente e de anúncios de produtos de marfim na internet – assim como de imagens e vídeos nas redes sociais –, em comparação com o que se tinha verificado em 2016.
Preços em queda
Os investigadores notaram ainda uma diferença significativa entre os preços dos artigos vendidos no mercado legal e ilegal. Se um par de pauzinhos chineses de marfim custava, em média, 460€ no mercado legal, o seu preço no mercado negro rondava os 130€. Em comparação com o ano de 2012, o preço médio de um par de pauzinhos de marfim no mercado ilegal desceu 57%.
Os dados das autoridades de aplicação da lei também mostram uma queda acentuada nos preços do marfim em bruto, nos últimos anos: em Pequim, verificou-se uma queda de 20-25% entre 2015 e 2016 e de 50% em 2017.
“Existe um declínio aparente na presença de artigos de marfim no mercado, à medida que os preços também estão a cair (…) Uma vez implementada, a proibição geral do comércio de marfim deverá facilitar os esforços de aplicação da lei e sensibilizar os consumidores para a ilegalidade do comércio”, disse Zhou Fei.
Os conservacionistas lembram ainda que é importante que os países vizinhos, onde continua a ser legal a venda de marfim, adotem proibições semelhantes de forma a “dar aos elefantes africanos uma hipótese para um futuro livre de caça furtiva”.