Planta da era dos dinossauros descoberta viva na América do Norte, pela primeira vez
Quando Richard McCourt e os seus colegas se depararam com a alga Lychnothamnus barbatus, uma planta da era dos dinossauros, que há muito tempo se julgava extinta no lado oeste do Oceano Atlântico, o seu entusiasmo foi tremendo.
“Soubemos, quase imediatamente, que podíamos ter em mãos algo que antes se julgava extinto porque era claramente diferente de qualquer outra espécie encontrada na América do Norte”, disse Richard McCourt, professor da Universidade de Drexel. “Mas tivemos de o analisar com grande atenção para confirmar a sua identidade e de extrair o ADN para o confirmar.”
As amostras da alga foram recolhidas em 14 lagos de Wisconsin e dois em Minnesota, entre 2012 e 2016.
Os investigadores sabiam que ainda não a tinham visto na América do Norte e que o único registo que havia da Lychnothamnus barbatus no lado oeste do Oceano Atlântico eram uns fósseis argentinos do Cretáceo (o mesmo período a que remontam os fósseis descobertos dos tiranossauros).
“Isto significa, sobretudo, que não sabemos tanto sobre o que há por aí como poderíamos saber”, disse o professor. “A sobrevivência da Lychnothamnus barbatus não é, per se, revolucionária em termos ecológicos, mas muda a nossa perspetiva sobre a composição da flora algal da América do Norte e inspira-nos a continuar à caça de mais descobertas novas.”
A Lychnothamnus barbatus é uma alga verde da ordem “Charales” e é relativamente rara nas zonas onde, atualmente, existe, nomeadamente na Europa e na Australásia (a região que inclui a Austrália, Nova Zelândia e Papua-Nova Guiné).
Como passou despercebida até agora?
“Talvez não tenha passado despercebida – pode ser uma nova invasora”, explicou Richard McCourt. Relativamente à forma como poderá ter viajado até à América do Norte, o professor disse: “Outras espécies como ela foram provavelmente trazidas na água de lastro dos navios e libertadas no canal de St. Lawrence e noutros lagos”.
No entanto, também é possível que sempre lá tenha estado e que, simplesmente, tenha passado despercebida.
“Se passou despercebida, deve-se provavelmente ao facto de que muito do que existe nos lagos e ribeiros não é objeto de um exame aprofundado, apesar de séculos de recolhas. Precisamos de mais gente no terreno, mais mãos na água, a recolher [amostras].”
Para além dos 16 locais de onde foi recolhida, ainda existe a possibilidade de que esta alga da era dos dinossauros tenha sobrevivido em outros locais na América do Norte.
“Vamos estar atentos, mas será geralmente nos tipos de habitats onde fazemos recolhas para as outras espécies de Charales que existem na América. Por isso se lá estiver, vamos descobri-la ao procurar nos sítios certos. O problema é que não sabemos quais são os sítios certos.”
O estudo, da autoria de Kenneth Karol do Jardim Botânico de Nova Iorque, foi publicado na revista científica American Journal of Botany.