Tomar “banhos de floresta”, a prática japonesa que a ciência diz que melhora a saúde
Já ouviu falar em “banhos de floresta”? O termo surgiu no Japão, onde é conhecido como “shinrin-yoku”, e são muitos os estudos que atribuem à sua prática um conjunto surpreendente de benefícios para a saúde física e mental.
Para além de baixarem o ritmo cardíaco, a pressão arterial e reduzirem a produção de hormonas de stress, também reforçam o sistema imunitário e aumentam a sensação geral de bem-estar.
Tomar “banhos de floresta” envolve estar-se na presença de árvores. Pode-se optar por ficar sentado ou andar, mas o objetivo é relaxar e não concretizar algo. Ou seja, nada de correr uma maratona ou de praticar outro desporto. Esteja, simples e conscientemente, em contacto com as árvores.
Para comprovar os efeitos fisiológicos e psicológicos dos “banhos de floresta”, as autoridades japonesas investiram, entre 2004 e 2012, três milhões de euros no estudo desta prática. Com base nos resultados, traçaram 48 trilhos terapêuticos.
Respirar o ar da floresta
Num estudo de 2009, os investigadores mediram a atividade das células exterminadoras naturais ou células NK (do inglês “natural killer”) no sistema imunitário antes e após a exposição à floresta. Estas células têm um papel importante no combate a infeções virais e células cancerígenas.
Os participantes mostraram aumentos significativos na atividade das células NK na semana que sucedeu a visita à floresta e os efeitos positivos duraram um mês após cada fim-de-semana na floresta.
Estes efeitos devem-se a vários óleos essenciais – conhecidos como phytoncides – que as árvores, plantas e algumas frutas e vegetais libertam para se protegerem de germes e insetos. A inalação destes compostos parece melhorar o funcionamento do sistema imunitário.
Benefícios de uma visita de 30 minutos à floresta
Outros estudos realizados pela Universidade de Chiba, no Japão, mediram os efeitos fisiológicos dos “banhos de floresta” em 280 participantes na casa dos 20. Os investigadores mediram e compararam o cortisol (uma hormona que funciona como um indicador do stress) na saliva dos participantes, a sua pressão arterial e ritmo cardíaco durante um dia na cidade e durante um dia com uma visita de 30 minutos à floresta.
“Os ambientes florestais favorecem concentrações mais baixas de cortisol, pulsação e pressão arterial mais baixas, uma maior atividade nervosa parassimpática e menor atividade nervosa simpática do que os ambientes urbanos”, concluíram os investigadores.
O sistema nervoso parassimpático é responsável por estimular ações que permitem ao organismo responder a situações de calma, ao passo que o simpático prepara o organismo para reagir em situações de medo, stress e excitação, controlando as reações de “luta ou fuga”. Isto significa que os participantes estavam mais descansados e menos propensos ao stress depois de um mergulho na floresta.
As florestas são ambientes terapêuticos
Um outro estudo, desta vez sobre os seus efeitos psicológicos, testou 498 voluntários saudáveis. Os participantes exibiram níveis de hostilidade e depressão significativamente inferiores, aliados a uma maior vivacidade, após a exposição às árvores. “Por conseguinte”, escreveram os investigadores, “os ambientes florestais podem ser vistos como paisagens terapêuticas”.
Vários outros estudos têm sustentado os benefícios do contacto com a natureza. A exposição de curta duração à vegetação em ambientes urbanos pode reduzir os níveis de stress e há especialistas que recomendam “doses de natureza” como parte do tratamento para crianças com défice de atenção.
Segundo um relatório do Instituto para a Política Ambiental Europeia, quem vive perto de árvores e espaços verdes também tem menos probabilidade de ser obeso, inativo ou de estar dependente de antidepressivos.
Tudo isto parece confirmar algo que todos sabemos: o contacto com a natureza faz-nos bem. E nem precisamos de passar muito tempo na natureza para daí retirarmos benefícios, mas o contacto regular parece melhorar o funcionamento do nosso sistema imunitário e o nosso bem-estar.
ana salsi
Há em Portugal!! http://shinrin-yoku.pt/ já fui algumas vezes e recomendo muitooooo
23 de Setembro, 2017