No Jardim Botânico, crianças trocam brinquedos usados por ‘jardins’
Decorreu, no passado dia 23 de setembro, o Mercado de Trocas para crianças e jovens, no Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, um evento organizado pela Casa da Esquina.
O Mercado de Trocas é um projeto de economia solidária que nasceu em 2011 e que vai já na XXI edição. A economia solidária é um tipo de economia em que todos podem trocar produtos ou serviços sem precisarem do euro, recorrendo a uma moeda solidária, ao tempo ou à troca direta de produtos.
Neste Mercado de Trocas, em vez do euro, usa-se o “jardim”. Com ele, as crianças vendem e compram brinquedos, livros, DVD’s e jogos, sem terem os problemas de questionamento de valor que ocorrem na troca direta.
Os participantes levam uma manta e os artigos que querem trocar, que devem estar em bom estado, e atribuem-lhes um valor, em jardins. Depois da banca montada, ficam prontos para começar a trocar.
Fotos: The UniPlanet
Quando participam pela primeira vez no Mercado de Trocas, as crianças recebem 10 jardins para poderem começar a trocar e comprar o que quiserem nas bancas dos outros meninos. No final do mercado, as crianças têm de devolver as moedas que sobram ao Ecobanco Jardim. As moedas que ganharam ficam guardadas numa espécie de conta-poupança em nome de cada criança e esses jardins podem ser usados nas edições seguintes.
Como contou ao UniPlanet Filipa Alves, da organização da iniciativa, as crianças vão crescendo com o mercado e agora os seus irmãos mais novos também participam. A organizadora explicou também que as crianças têm mais facilidade em trocar do que os adultos.
Maria Leonor, uma das crianças que participa regularmente no Mercado, contou-nos que aquilo de que mais gostou, entre os artigos que trocou, foi um livro de “Uma Aventura”. “No último mercado de compras, fiquei com 62 jardins porque vendi muita coisa e ainda sobrou”, disse.
Luís Sobral, participante regular do Mercado, contou que já trocou brinquedos por Legos. “[Gosto de pagar em jardins]porque arranjo coisas sem pagar ‘verdadeiro’, ou seja, compro quando me apetece e sem pagar em euros”, disse. Sobre o facto de se poder regatear explicou-nos que “se for um valor que tu queres, podes pagar logo ou se tiveres poucos jardins podes negociar”.
Este mercado tem duas vertentes muito importantes, uma ligada à sustentabilidade, uma vez que promove a reutilização de brinquedos que poderiam ir parar ao lixo, prolongando assim a sua vida útil, e outra ligada à socialização, tanto para os pais como para as crianças que podem fazer novos amigos.
Desde que começou, este mercado já deu origem a mais dez iniciativas semelhantes espalhadas por todo o país.