#MeToo, a hashtag contra o assédio sexual

#MeToo, a hashtag contra o assédio sexual

22 de Outubro, 2017 0

O movimento #MeToo (#EuTambém) começou, na semana passada, nas redes sociais para que as mulheres denunciem casos de assédio sexual. Foi fundado originalmente por Tarana Burk em 2010, mas sete anos depois, a atriz Alyssa Milano ressuscitou-o e tornou-o viral.

A hashtag começou a ser usada depois do escândalo de Harvey Weinstein, produtor de Hollywood que ao longo dos anos assediou centenas de atrizes (Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Mira Sorvino, Lea Seydoux, Ashley Judd, Rosanna Arquette, entre outras) e outras profissionais do mundo do espetáculo. Desde então mulheres de todo o mundo (e homens também) têm levantado a voz para denunciar abusos e agressões sexuais que sofreram às mãos de superiores hierárquicos, realizadores, produtores e não só.

No dia 15 de outubro, Alyssa Milano escreveu na sua conta do Twitter que uma amiga lhe tinha dito que se todas as mulheres que já foram vítimas de assédio escrevessem “me too” (eu também) se conseguiria ter uma noção deste problema.


“O que a campanha #MeToo faz e aquilo que a Tarana Burke nos permitiu fazer foi colocar novamente o foco nas vítimas: dar-nos voz, força e poder”, disse Alyssa Milano. “E o que isto nos permite fazer é dizer ‘Chega! Já chega! Não vamos aturar isto mais. Vamos usar as nossas vozes até que isto pare. Nem mais uma [mulher assediada]. Acaba aqui!'”.

Esta hashtag está também a ser usada no Facebook e no Instagram.

No mundo da moda, a modelo norte-americana Cameron Russell tem estado a partilhar, na sua conta de Instagram, histórias de mulheres que foram vítimas de assédio e abuso sexual no trabalho, com a hashtag #MyJobShouldNotIncludeAbuse (o meu trabalho não devia incluir abuso sexual).

“Depois de ouvir todas aquelas histórias nos últimos dias e de ouvir estas mulheres corajosas a falarem esta noite sobre coisas que normalmente nos pedem para as mantermos em segredo, senti vontade de falar, e de falar bem alto porque me senti menos sozinha esta semana do que durante toda a minha carreira”, disse Reese Witherspoon (vítima de abuso aos 16 anos em Hollywood). “Sinto puro nojo do realizador que me agrediu sexualmente quando eu tinha 16 anos e raiva dos agentes e produtores que me fizeram sentir que o silêncio era uma condição para manter o emprego. E gostava de poder dizer-vos que esse foi um incidente isolado na minha carreira, mas infelizmente não foi. Eu tive múltiplas experiências de assédio e agressão sexual, e não falei muito sobre elas”.
“Sinto-me muito, muito encorajada com a ideia de que isto vai ser o novo normal. Para todas as jovens mulheres neste salão, a vida vai ser diferente porque nós estamos convosco, apoiamos-vos e isso faz-me sentir melhor”.

America Ferrera, a atriz de “Betty Feia” utilizou o Instagram para revelar que foi abusada sexualmente na infância por um homem mais velho que conhecia.
“A primeira memória que tenho de ser abusada sexualmente remonta aos meus nove anos”, escreveu. “Não contei a ninguém e vivi com a vergonha e culpa de pensar o tempo todo que eu, uma criança de nove anos, era de alguma forma responsável pelos atos de um homem adulto”, continuou. “Tive de ver esse homem diariamente durante anos. Ele sorria para mim e acenava, e eu passava por ele a correr, com o sangue gelado, com o peso no estômago do fardo daquilo que só ele e eu sabíamos – que ele esperava que eu me calasse e sorrisse de volta”, explicou. “Senhoras, vamos quebrar o silêncio para que a próxima geração de meninas não tenha de viver com esta me**a”.

#metoo

Uma publicação partilhada por America Ferrera (@americaferrera) a

Na Grã-Bretanha, a hastag #MeToo foi utilizada pela deputada trabalhista Stella Creasy: “Fui assediada como milhões de mulheres e raparigas pelo mundo. A vergonha é de quem ataca, não minha. Na Tunísia, as mulheres têm utilizado o Twitter para denunciarem uma cultura de banalização da violação e para descreverem incidentes em que foram vítimas, na rua, no trabalho ou nos transportes públicos. No Egito, de acordo com um estudo da ONU de 2013, 99,3% das egípcias afirmaram terem sido vítimas de pelo menos uma forma de assédio sexual e 82,6% revelaram não se sentirem seguras nas ruas.

Em França, a jornalista Sandra Muller convidou as francesas a utilizarem #balancetonporc (denuncia o porco) para fornecerem o nome e os pormenores de um agressor sexual que tenham conhecido no trabalho.
A atriz Asia Argento – que acusou Harvey Weinstein de a ter violado em 1997 – lançou a versão em inglês #denounceallpigs (denuncia todos os porcos).

A cantora islandesa Björk na sua conta de Facebook contou ter sido vítima de assédio sexual por parte de um realizador dinamarquês.

A indiferença em relação à violência sexual é inaceitável, disse, no dia 19 de outubro, a diretora da organização ONU mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, pedindo para que as mulheres e os homens levantem as suas vozes contra os atos de agressão sexual. A iniciativa #MeToo expõe o problema “das pessoas poderem agir impunemente numa cultura do silêncio, afirmou.


1ª Imagem: YourStory

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