No mundo, uma em cada 10 crianças é vítima de trabalho infantil
Em todo o mundo, 151,6 milhões de crianças, ou quase uma em cada dez, são vítimas de trabalho infantil. Cerca de metade destas crianças – 72,5 milhões – realizam trabalhos perigosos, que colocam a sua saúde e segurança em risco, revelou um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Embora se tenha assistido a uma diminuição no número de crianças submetidas a trabalho infantil desde o início do milénio, o declínio abrandou entre 2012 e 2016, um desenvolvimento que pode comprometer os esforços para erradicar o trabalho infantil até 2025, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) fixados pelas Nações Unidas.
Segundo Houtan Homayounpour, da OIT, o mundo não está a caminho de alcançar este ODS em oito anos e as estimativas predizem que, a este ritmo, ainda existirão 121 milhões de crianças vítimas de trabalho infantil em 2025. “Temos de estugar o passo”, disse o investigador à Reuters.
O relatório revela que há mais rapazes a trabalhar (88 milhões) do que raparigas (64 milhões), embora as estimativas não incluam as tarefas domésticas, ocupadas, na sua maioria, por meninas.
Sete em cada dez crianças afetadas trabalham no setor da agricultura, um trabalho que é, frequentemente, perigoso. Algumas crianças têm mais de 43 horas semanais de trabalho.
Meninas trabalham numa fábrica de tijolos do Nepal | Foto: Krish Dulal
Um terço dos menores com idades compreendidas entre os 5 e os 14 anos envolvidos em trabalho infantil, ou 36 milhões de crianças, não frequentam a escola. Os que a frequentam costumam ter um desempenho mais fraco do que as crianças que não trabalham.
“O tempo e a energia que gastam a trabalhar interfere com a sua capacidade de usufruir em pleno das horas de ensino na sala de aulas e de estudar fora da escola”, escreveram os investigadores da OIT.
Ao mesmo tempo, um segundo relatório da OIT e da Fundação Walk Free revelou que existem, globalmente, 10 milhões de crianças submetidas a trabalho escravo.
Nove em cada dez crianças “trabalhadoras” vivem em África e na região da Ásia-Pacifico; a África subsaariana viu ainda um aumento no número de crianças submetidas a trabalho infantil entre 2012 e 2016. “África, onde os números de trabalho infantil são os mais elevados tanto em termos proporcionais como absolutos, e onde os progressos estagnaram, continua a constituir uma prioridade”, apontaram os investigadores. Contudo “o trabalho infantil não se limita a países de baixo rendimento. Mais de metade das crianças afetadas vive, de facto, em países com rendimento médio-baixo e médio-alto.”
O relatório também encontrou uma forte relação entre o trabalho infantil, o conflito e os desastres, os quais causam desemprego, deslocação e a interrupção das redes de apoio, deixando as crianças mais vulneráveis.
1ª foto: Criança indiana vende comida na rua (© Jorge Royan)