Slow – As Coisas Boas Levam Tempo
“Há quanto tempo não se senta para um longo almoço entre amigos? Ou faz um passeio sem pressas com os seus filhos? Ou bebe um chá quente, lê um livro? Há quanto tempo sente que não tem tempo?”
O livro “Slow – As Coisas Boas Levam Tempo” começa por nos apresentar o que é o Movimento Slow, que está ligado ao aparecimento da Slow Food. Como escreve Raquel Tavares, o “Movimento Slow representa uma cultura de valorização de um maior vagar, de uma vida mais desacelerada e sem pressas, respeitadora dos ritmos necessários para cada “coisa”, porque as coisas boas levam tempo”.
Este movimento ensina-nos a desacelerar e a consumir de uma forma mais consciente. Aprendemos a ter em atenção o impacto ambiental no modo de produção, o respeito pelos direitos humanos e laborais na forma de fabrico e comercialização de um produto. Passamos a querer saber quem fez o artigo, se foi feito com trabalho infantil, se os trabalhadores receberam um salário justo e se os ingredientes são sustentáveis.
A árvore slow tem crescido e já tem diferentes ramos, que nos são apresentados ao longo do primeiro capítulo: o slow travel para um turismo mais lento, a slow medicine para a saúde e medicina, a slow school para a educação, a slow fashion para a moda e consumo, a slow food para a alimentação, o slow work para o trabalho, entre outros.
A Slow Food, representada simbolicamente por um caracol vermelho ou laranja, é uma associação com sede em Itália, que conta já com uma centena de milhares de associados. Pretende opor-se à fast food e à homogeneidade na alimentação, defendendo a compra de alimentos de época biológicos em mercados e feiras locais, assim como o cultivo próprio de alguns alimentos, como ervas aromáticas, em hortas urbanas, beirais de janelas ou varandas. A associação dá importância ao bem-estar animal e à prática do slow eating, o ter tempo para comer tranquilamente.
A slow fashion defende uma moda lenta e a compra de roupa que dure, criada de uma forma mais ética e responsável, livre de trabalho infantil. Passamos a optar pela qualidade em vez da quantidade, apoiando os produtores artesanais e evitando as compras impulsivas.
A slow medicine, uma medicina sem pressa, pretende aproximar os médicos dos doentes que devem reaprender a escutá-los. Procura também que não ocorra o abuso na medicação.
O slow travel, ou turismo slow, opõe-se ao turismo fast, uma vez que tem em conta as necessidades da população e a sustentabilidade dos destinos. Um exemplo apontado no livro é a “troca de casa” recíproca para férias, na qual as pessoas trocam de casa e, em vez de ficarem em resorts ou hotéis, têm um contacto mais próximo com a comunidade desse lugar.
O slow work pretende a valorização do trabalho não remunerado (trabalho doméstico, voluntariado, hobbies, etc.) e uma melhor conciliação com o trabalho pago.
A slow school é um conceito que ainda está a ser definido e que procura que os alunos compreendam o que estão a aprender, em vez de memorizarem. Pretende ir buscar boas práticas a pedagogias como a Waldorf, a Montessori, a High Scope, a Regio Emilia, o Movimento Escola Moderna, entre outras. Os slow toys são brinquedos de qualidade, que duram e são feitos por artesãos locais, por oposição aos brinquedos modernos de plástico que se partem e estragam rapidamente.
O livro tem várias partes práticas, com exercícios e receitas, que também nos dão a conhecer projetos portugueses que estão de acordo com a filosofia slow.
Na segunda parte, a escritora leva-nos numa volta ao mundo, dando-nos a conhecer tradições e práticas semelhantes ao movimento slow, como, por exemplo, o ritual do chá japonês, o “dolce far niente” italiano, o “Hakuna matata” uma expressão da Tanzânia e Quénia que significa “sem problemas”, o Snoezelen holandês (salas de relaxamento para crianças com deficiência), o Hygge dinamarquês, a siesta espanhola, o vagar alentejano, o ócio da Grécia Antiga, o Yin e Yang do Taoismo e o Wu Wei (a não ação).
“Na verdade, abrandar é atualmente uma atitude irreverente, de coragem, de mudança, é preciso ir contra a corrente dominante da aceleração tóxica que impõe a tal ditadura da urgência e do “ter de” constantemente. É preciso ser ousado para impor limites e dizer não firmemente a tantas solicitações”, escreve Raquel Tavares.
Quer ver o seu livro no UniPlanet? Entre em contacto connosco.