População ajuda biólogos a contar 1400 esquilos
Os esquilos estão definitivamente de volta ao território nacional. Depois de extintos durante centenas de anos até aos anos 80, altura em que lentamente foram atravessando a fronteira no Minho, nas últimas duas décadas, a espécie expandiu-se até ao rio Tejo e está fora de perigo. As conclusões são do estudo realizado em Portugal sobre a distribuição do esquilo-vermelho, um trabalho do Departamento de Biologia (DBio) da Universidade de Aveiro (UA) que contou com uma preciosa ajuda: centenas e centenas de cidadãos que nos últimos anos avisaram os investigadores sempre que viam esquilos.
Para perceber por onde andavam os esquilos e se estavam em expansão, a Unidade de Vida Selvagem da UA lançou, em 2014, o projeto Esquilo Vermelho. Para esta investigação, os biólogos voltaram-se para a população. Através de um inquérito online, pediam a quem avistasse um esquilo que indicasse o local do avistamento.
E o resultado é muito otimista para o futuro do esquilo em Portugal – cerca de 1400 avistamentos de esquilos distribuídos entre os rios Minho e Tejo.
O estudo foi publicado no último número da revista European Journal of Wildlife Research.
Expansão para lá do Tejo
“Comparativamente ao estudo anterior, realizado em 2001 e que indicava que o esquilo ocorria apenas a norte do rio Douro, verifica-se hoje uma grande expansão desta espécie nas últimas duas décadas”, congratula-se a bióloga Rita Gomes Rocha. A coordenadora do estudo aponta ainda a boa notícia de “existirem alguns registos esporádicos a sul do rio Tejo, que podem indicar uma contínua expansão em locais onde existe habitat e recursos disponíveis para o esquilo”.
A boa capacidade de dispersão do esquilo, refere Rita Rocha, já era conhecida na Europa. Faltava, no entanto, estudá-la em território nacional. “A expansão que está a decorrer em Portugal confirma essa capacidade de dispersão da espécie que, no entanto, está bastante depende das florestas e respetivos recursos disponíveis e, por isso, a proteção do seu habitat é fundamental para a contínua preservação da espécie”, avisa a investigadora.
A participação da população foi, e continua a ser, fundamental para o sucesso do Esquilo Vermelho. “Este é um projeto que se baseia na cidadania ativa na recolha de dados científicos, ou a chamada Ciência Cidadã, e a adesão que temos tido tanto no envio de registos como na partilha de informação tem sido surpreendente”, aponta Rita Rocha.
A investigação continua, por isso se vir algum esquilo avise os investigadores através da página de Facebook do projeto.