Memórias de brincadeiras de outros tempos no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha
Durante dezembro e janeiro, pode visitar no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, uma exposição sobre brinquedos populares. Ao mesmo tempo, os mais novos podem também aprender a construir uma bola de trapos, uma bufa gato ou mesmo uma cadeira com giestas.
O UniPlanet falou com Ângela Alves, do Serviço Educativo do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, que nos falou sobre esta iniciativa. |
UniPlanet (UP): O que podemos ver durante a Exposição “Brinquedo Popular”?
De 6 de dezembro a 7 de janeiro 2018 podemos ver o espólio da Associação Desportiva e Recreativa do Loureiro, constituído por um conjunto de 30 quadros e diversos brinquedos manufaturados pelas mãos de crianças ou pelos adultos mais próximos, de entre os quais bonecas de trapo, um baloiço ou uma trotineta, todos fruto de um trabalho e recolha nos anos 90, sob a orientação do professor João Amado.
Esta mostra pretende que cada adulto recorde a sua infância e que os mais novos possam perceber a riqueza deste valioso património. Permite também estabelecer uma interessante ligação com o acervo do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, parte do mesmo está patente na exposição permanente “Freiras e Donas de Santa Clara: Arqueologia da Clausura”. Falamos de miniaturas ou brinquedos, pequenos utensílios, bonecos e apitos que testemunham a vertente lúdica de uma comunidade na qual não faltavam os elementos de idade mais jovem.
No domínio dos brinquedos tradicionais populares, João Amado considera-os como reveladores dos “efeitos multidimensionais da descoberta e da conquista do mundo pela criança através de tais objetos, cuja construção era já, em si, brincadeira ou jogo”. Na verdade, refere que a confeção e uso do brinquedo tradicional popular proporciona uma “verdadeira introdução ao mundo”, já que permite aprendizagens tão diferentes como
a capacidade de andar sobre o mundo, que os carros de rodas, as andadeiras e o jogo do arco propiciam, da capacidade de sobrevivência simbolizada pelo arco e a flecha, do amor e do afeto que advêm do brincar com as bonecas, da linguagem através do telefone de cordel, do empenho na vida pelo trabalho, que as miniaturas de alfaias e carros de bois potenciam, das regras provenientes do jogo do pião, etc., etc.
“Produzindo e utilizando estes brinquedos toda a criança foi equilibrista e pintora, ceramista e botânica, arquiteta e caçadora, lavradora e escritora, tecedeira e investigadora….e tudo o mais quanto pôde aprender na principal das suas escolas – a RUA!”
A exposição tem coorganização da Direção Regional de Cultura do Centro e do Instituto de Apoio à Criança.
UP: Para além da exposição, vão ter também oficinas pedagógicas sobre o brinquedo popular. Querem falar-nos um pouco sobre o programa para estes dias?
Ao todo programámos quatro oficinas que são em suma a componente prática da exposição, no entanto o elevado número de inscrições e o interesse de pais e filhos, verificados logo na 1ª sessão realizada no passado dia 6 de dezembro, levou-nos a aumentar o numero de oficinas para seis. Irão decorrer em dezembro nos dias 12, 14 e 16, e em janeiro nos dias 6 e 7.
12 e 14 dez. | das 14h às 16h
Construção e exploração de Brinquedos Populares
– bolas de meias; gaita de pau de loureiro; cadeira de giesta; barquinho de casca de noz; cama do gato; bufa gato…
– jogo das latas / saltar à corda / tração da corda (em linha) / saltar ao elástico…
Público-alvo: alunos do 1ºCiclo / seniores
Local: Memorial à água do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha
Participantes: min. 25 e máx. 30
Duração: sessões de 30 min. cada
16 de dez. (14h30 às 17h) e 6 e 7 de jan. (14h às 17h)
Construção de Brinquedos Populares
– bolas de meias; gaita de pau de loureiro; cadeira de giesta; rabo de bacalhau…
Público-alvo: publico em geral
Local: Memorial à água do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha
Participantes: min. 25 e máx. 30
UP: Porque é importante para o Mosteiro de Santa Clara abordar esta temática?
Num tempo de globalização, onde tudo está à mão de todos em todos os lugares do mundo e se joga e brinca de uma forma virtual ou tendo por parceiros ou adversários outros desconhecidos, ao contrário de ontem em que os pares de brincadeira eram recrutados de véspera na rua ou no lugar, ou chamados espontaneamente, pretendemos abordar esta temática no âmbito da missão educativa que o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha tem e ambicionamos dar a conhecer a sua relação com o acervo do Mosteiro (miniaturas ou brinquedos, pequenos utensílios, bonecos e apitos).
UP: Precisamos de nos inscrever? Onde podemos encontrar mais informação sobre a exposição e as oficinas?
Todas as atividades têm entrada livre e estão sujeitas a marcação prévia para o e-mail [email protected] ou telefone 239 801 160.
Mais informação no Facebook ou no site da Direcção Regional de Cultura do Centro.
Fotos: Mosteiro de Santa Clara-a-Velha