Comércio legal de vida selvagem entre África e Ásia inclui muitas espécies ameaçadas
Em pouco mais de uma década, foram exportados de 41 países africanos 1,3 milhões de animais e plantas vivos, 1,5 milhões de peles e duas mil toneladas de carne de espécies abrangidas pela CITES para o leste e o sudeste asiático, revelou um novo relatório da organização TRAFFIC.
Estas exportações incluíram 975 espécies constantes no Apêndice I (onde estão as espécies mais ameaçadas) e no Apêndice II (espécies “não necessariamente em risco de extinção, mas que poderão passar a estar, se o seu comércio não for sujeito a um controlo rigoroso”) da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES).
Quando se fala no comércio da vida selvagem africana, a atenção costuma virar-se para o tráfico ilegal e a caça furtiva de espécies icónicas, como os elefantes e os rinocerontes. Pouca atenção é dada ao comércio legal da vida selvagem do continente e foi esta lacuna que o novo relatório da TRAFFIC tentou preencher.
Os investigadores descobriram que algumas das espécies comercializadas em maiores quantidades são animais que recebem pouca atenção política na CITES, como a pitão-real e a tartaruga-leopardo.
A África do Sul foi o maior exportador de aves, plantas e mamíferos vivos. O Uganda, a Tanzânia e Malawi exportaram mais de 50 toneladas de dentes de hipopótamo, um produto usado no continente asiático para fazer esculturas mais baratas do que as realizadas com marfim de elefante.
O relatório revelou que 91% das peles exportadas, ou 1 418 487, pertenciam a crocodilos-do-nilo e que foram exportadas 11 285 peles de elefantes africanos, na sua maioria provenientes do Zimbabué e da África do Sul.
As exportações de espécies vivas aumentaram, em geral, desde 2006 e a proporção do comércio de espécimes criados em cativeiro também sofreu um aumento.
Na Ásia, Singapura foi o maior importador de aves vivas, o Japão o principal destino para os anfíbios e aracnídeos vivos e Hong Kong o maior importador de répteis vivos.
As exportações de carne envolveram apenas três espécies: o crocodilo-do-nilo, a enguia-europeia (cujo maior importador foi a República da Coreia) e a otária-sul-africana.
Os investigadores esperam que estes dados ajudem os conservacionistas a compreender melhor a dinâmica do comércio e a monitorizar as espécies e os países envolvidos.