Japão acaba com teste de pesticidas em beagles
No dia 30 de março, o Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas do Japão decidiu abolir o requisito da realização de testes com a duração de um ano em cães da raça beagle para avaliar a segurança de pesticidas.
Nestes testes, os cães são alimentados, todos os dias, com comida à qual são adicionados pesticidas, durante um ano. Passado este tempo, os animais são mortos para que os seus órgãos sejam examinados, como parte de uma bateria de testes de rotina realizada em milhares de animais para a avaliação da toxicidade dos pesticidas e herbicidas, conta a organização de defesa dos direitos dos animais Humane Society International (HSI).
A decisão do ministério baseou-se nas descobertas de um estudo encomendado pelo governo japonês, que analisou as avaliações de segurança de 286 pesticidas e descobriu que, em quase 95% dos casos, o teste com a duração de um ano em cães não contribuía com informação essencial para a determinação dos níveis seguros de exposição nos seres humanos.
Estas conclusões estão em conformidade com os resultados de outras análises semelhantes que levaram a alterações nas regulamentações de testes nos EUA, Índia, União Europeia, Brasil e Canadá.
“Felicitamos o governo japonês por eliminar este teste desnecessário e desumano dos seus requisitos, mas estamos desapontados com o facto de terem sido necessários quase 20 anos para alguns países tomarem medidas, apesar da existência de provas científicas convincentes”, disse Troy Seidle, da HSI. “É inaceitável que se tenha causado sofrimento aos cães, escusadamente, durante duas décadas, simplesmente porque os países têm estado a dormir.”
O registo de um só ingrediente ativo de um pesticida pode significar a utilização de até 10 mil roedores, peixes, aves, coelhos e cães em dezenas de testes de envenenamento químico, de acordo com os requisitos regulamentares de muitos países. “Muitos destes testes são manifestamente redundantes, repetindo o mesmo procedimento de ensaio usando duas ou mais espécies de animais ou vias de exposição diferentes (oral, inalação, pele, etc.), cujo valor científico tem sido objeto de intenso escrutínio”, explica a HSI.
As estatísticas apontam para que tenham sido vendidos 4,25 milhões de animais para uso em experiências laboratoriais entre abril de 2016 e março de 2017 no Japão – um número que não reflete o uso de animais que são criados em laboratórios nem todas as instalações que criam ou usam animais para testes no país.
Pensa-se que a Coreia do Sul seja o último grande mercado a exigir o teste de pesticidas ao longo de um ano em cães. Segundo estatísticas do Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais do país, o uso de animais nos laboratórios coreanos aumentou 157% desde 2012, atingindo um recorde de 2,88 milhões em 2016.