Duas pessoas limparam em dois dias o lixo deixado pelos peregrinos a caminho de Fátima
Os movimentos “Não Lixes” e “Lixo Zero” juntaram-se, este ano, numa parceria para diminuir o lixo produzido pelos milhares de peregrinos que se dirigiram a Fátima. O principal objetivo era sensibilizar, lembrando os peregrinos que não devem deitar lixo (garrafas de água ou outros objetos de plástico) para o chão, mas também propor alternativas, como a utilização de garrafas reutilizáveis.
Foram também disponibilizados mais pontos de recolha de lixo ao longo do trajeto e afixados cartazes, nos contentores do lixo à beira do IC2 e nos pontos de apoio, com o slogan “Não lixes… a tua caminhada, põe o lixo nos contentores”.
Fernando Jorge Paiva, do Não Lixes, e Ana Milhazes Martins, do movimento Lixo Zero, fizeram o percurso de Coimbra a Santa Luzia, Mealhada, a pé, no sentido inverso ao dos peregrinos, para recolherem o lixo que encontraram.
Embora já haja alguns peregrinos a utilizar cantis ou garrafas reutilizáveis de água, muitos acabam por deitar para o chão as garrafas que recebem nos pontos de apoio por não encontrarem ecopontos e caixotes do lixo ou devido ao cansaço.
“Sempre que os peregrinos nos viam a apanhar lixo davam-nos os parabéns, batiam palmas e alguns referiam que não atiravam nada para o chão ou que a partir daquele momento e até ao final da caminhada não iam atirar mais”, contaram.
“Encontramos garrafas de plástico e copos descartáveis em todos os sítios que possam imaginar: escondidos no meio da vegetação, em balizadores e separadores no IC2. Muito deste lixo estava em locais de difícil acesso. Infelizmente também vimos imensos locais escondidos com dejetos e papel higiénico. Que sentido faz deixar este rasto de lixo numa caminhada espiritual?”, escreveram os organizadores desta iniciativa nas redes sociais.
O resultado: em dois dias (9 e 10 de maio), duas pessoas, ao longo de 44km (Coimbra-Santa Luzia) recolheram 753 garrafas (muitas delas cheias de água).
“Encontramos imensas garrafas cheias. Esta da imagem nem sequer foi aberta. Encontramo-la pouco depois de um local onde eram oferecidas garrafas aos peregrinos”, contaram.
“Percebemos que os pensos higiénicos [que encontramos] eram usados como palmilhas”, escreveram.