Um dos maiores mercados negros de partes de animais selvagens está no Facebook

Um dos maiores mercados negros de partes de animais selvagens está no Facebook

22 de Maio, 2018 0

Elefante

É a rede social mais popular do mundo, com mais de dois mil milhões de utilizadores mensais. Bem-vindos ao Facebook, a casa de um dos maiores mercados negros para a compra e venda de partes corporais de animais ameaçados.

A quantidade de vida selvagem a ser comercializada em grupos fechados e secretos no Facebook é arrepiante”, disse um representante da sociedade de advogados Kohn, Kohn & Colapinto, que apresentou uma queixa contra a rede social no mês passado.

“Vimos diversos produtos: chifres de rinoceronte, patas de urso, peles de tigre, répteis e toneladas e toneladas de marfim. Numa altura em que o mundo está a perder 30 mil elefantes por ano, graças aos caçadores furtivos, a quantidade de marfim vendida no Facebook é particularmente chocante.”

Segundo estimativas das Nações Unidas e da Interpol, o tráfico de produtos de espécies selvagens vale entre 6 e 20 mil milhões de euros por ano.

“O que está a acontecer é um fenómeno muito assustador e preocupante”, afirmou Iris Ho, da organização Humane Society, citada pelo New York Post. “Os chifres de rinoceronte valem mais do que o ouro”, contou. “Se os comprarmos na Ásia, após camadas de intermediários, o preço final pode chegar aos 60 mil dólares por quilo, ou mais.”

Partes de animais selvagens
Operação da Wildlife Rapid Rescue Team resulta na detenção de dois traficantes de vida selvagem, no Camboja, que vendiam partes de animais no Facebook | Foto: Wildlife Alliance

No mês passado a Kohn, Kohn & Colapinto apresentou uma denúncia à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, na qual acusou a rede social de Mark Zuckerberg de lucrar conscientemente com este tráfico, através da colocação de anúncios nas páginas geridas por traficantes.

“O Facebook não é um espetador inocente destes crimes”, declarou Stephen Kohn. “Vendeu anúncios nas páginas em que o marfim ilegal estava a ser comercializado.”

Entre os artigos à venda nos grupos públicos e privados, também se encontravam dentes de tigre (uma espécie em perigo de extinção, com apenas cerca de 2500 espécimes na natureza), peles de leopardo-nebuloso (espécie vulnerável) e chifres de rinoceronte-negro (espécie criticamente em perigo de extinção), entre outros produtos. Muitos dos grupos são de países do sudeste asiático, como o Vietname e o Laos.

A quantidade de marfim comercializada no Facebook é assombrosa”, disse Gretchen Peters, diretora executiva do Observatório das Redes Ilícitas e do Crime Transnacional Organizado. “Vi milhares de posts que continham marfim e estou convencida de que o Facebook está literalmente a ajudar a levar os elefantes à extinção.”

Em resposta a estas acusações, o Facebook disse que estava a trabalhar no problema. “As nossas normas comunitárias não permitem a caça furtiva, a venda de vida selvagem, de espécies ameaçadas ou das suas partes, e removemos imediatamente este conteúdo assim que nos apercebemos dele”, respondeu a rede social num comunicado oficial.

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