Centenas de tubarões e peixes encontrados mortos em rede de pesca à deriva no mar
Um grupo de mergulhadores descobriu centenas de carcaças de tubarões e de outros peixes presos numa enorme rede de pesca “fantasma” no mar das Caraíbas, ao largo das Ilhas Caimão.
Devido à grande quantidade de animais presos nela, acredita-se que a rede abandonada já estava à deriva há vários meses, capturando e matando tudo no seu caminho.
Dominick Martin-Mayes, pescador e instrutor de mergulho, fez a descoberta e explicou que, dado o elevado estado de decomposição de muitos dos animais, era impossível identificar a espécie a que pertenciam.
“No princípio, pensávamos que era um tronco, mas, à medida que nos aproximamos, pudemos ver que era uma rede de pesca”, contou ao The Independent. “Fui o primeiro a mergulhar e fiquei chocado com o que vi. Tirou-me o fôlego – a primeira coisa que vi foi um tubarão-de-pontas-brancas juvenil.”
“Fizemos o que pudemos para libertar alguns dos animais aprisionados, mas a maioria deles já estavam mortos”, disse.
Foto: Dominick Martin-Mayes e Pierre Lesieur
Os mergulhadores conseguiram resgatar alguns peixes e até um tubarão. Segundo as suas estimativas, a rede teria até 15 metros de largura e 15m de profundidade. Para além das centenas de carcaças, também encontraram cordas, garrafas, um cabo comprido “que desaparecia nas profundezes”, uma árvore e baldes emaranhados na rede fantasma.
“Os peixes aproximam-se para comer o que está lá e também acabam por ficar presos, portanto isto só se vai agravando, tornando-se nesta rede gigante da morte”, explicou Dominick.
Todos os anos, 640 mil toneladas de redes, cordas e outras artes de pesca perdem-se ou são descartadas no mar. Os impactos para a vida marinha são devastadores e as “redes fantasma” continuam a assombrar os oceanos muito depois de serem abandonadas.
Foto: Dominick Martin-Mayes e Pierre Lesieur
Devido às correntes fortes, à possibilidade de aproximação de outros predadores e ao perigo de poderem ficar presos na rede, os mergulhadores não puderam ficar muito tempo na água. Embora tenham tentado rebocar a rede até à margem, esta era demasiado pesada.
“A única finalidade da rede é matar – fica-se com a mão presa nela e morre-se afogado”, avisou Dominick.
Depois desta descoberta, o governo das lhas Caimão emitiu um alerta para tentar localizar a rede. “Não queremos que vá parar ao recife e precisamos de acabar com a sua pesca fantasma”, disse Tim Austin, diretor-adjunto do Departamento do Ambiente.
Dominick Martin-Mayes considera “muito pouco provável” que as autoridades encontrem a rede que, entretanto, poderá ter viajado centenas de quilómetros, mas acrescentou que “nunca devemos perder a esperança; contudo, é um objeto muito pequeno num oceano muito, muito grande”.
À superfície, a rede era “invisível” e os mergulhadores pensavam que se tratava de um tronco.
Foto: Dominick Martin-Mayes e Pierre Lesieur