Paris pondera tornar transportes públicos gratuitos para reduzir poluição do ar
A presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, anunciou que encomendou um estudo para examinar a possibilidade de tornar os transportes públicos gratuitos na capital, à semelhança do que já acontece em algumas pequenas cidades do país.
“Decidi pedir a três dos meus assistentes para realizarem um grande estudo sobre o assunto, que envolverá peritos franceses e estrangeiros”, disse a presidente, que acredita que a questão relativa à exequibilidade do esquema “merece ser colocada sem preconceitos ou dogmatismo”.
“A questão do transporte gratuito é uma das chaves para a mobilidade urbana, em que o lugar dos carros poluidores deixa de ser central. Muitas cidades estão a analisá-la.”
Anne Hidalgo explicou que a medida só seria implementada se fosse economicamente viável e admitiu que “atualmente, nada nos diz que seria possível”. Os resultados do estudo serão conhecidos até ao final do ano.
Também o governo alemão está a considerar esta ideia como uma estratégia para a redução da poluição atmosférica e do tráfego. O País de Gales, no Reino Unido, encontra-se atualmente a testar um serviço gratuito de autocarros aos fins de semana e a capital da Coreia do Sul, Seul, tem tornado os transportes públicos gratuitos durante as horas de ponta dos dias em que a densidade de partículas poluentes no ar atinge níveis considerados prejudiciais para a saúde.
Na comuna francesa de Niort, os autocarros são gratuitos para os seus 125 mil habitantes desde setembro do ano passado. Segundo Jérôme Baloge, presidente da Câmara Municipal, este sistema aumentou o número de passageiros em 130% nalgumas rotas e reduziu ligeiramente o número de carros nas estradas, custando à cidade pouco mais do que quando os passageiros tinham de comprar bilhetes. Contudo, o presidente admitiu que tornar os metros, autocarros, elétricos e comboios suburbanos gratuitos numa cidade grande era uma ideia muito mais radical e revolucionária.
O estudo encomendado pela presidente também vai investigar a possibilidade da criação de uma taxa de circulação urbana para desencorajar os automobilistas de conduzirem na capital. Os apoiantes desta medida afirmam que ela poderia ajudar a financiar a gratuitidade dos transportes públicos.
Entretanto, Anne Hidalgo quer tornar o transporte público gratuito pelo menos para determinados grupos de pessoas. A Câmara Municipal irá decidir se o passe Navigo mensal será gratuito para os cidadãos com mais de 65 anos que recebam menos de 2200€ por mês (3400€ para casais).
Outras cidades do país também estão de olho nesta ideia. Dunquerque, no norte de França, comprometeu-se a adotar a medida revolucionária já em setembro de 2018.
“Não estamos só a redistribuir o poder de compra”, disse o presidente da Câmara, Patrick Vergriete. “Estamos também a livrar-nos de desigualdades ao fornecer melhor acesso aos empregos e às instalações para atividades de lazer.”