Bastam seis minutos para um cão morrer dentro de um carro quente
Em seis minutos talvez não consiga fazer todas as compras que tinha planeado, mas, para o cão que deixou no carro, estes poucos minutos podem ser decisivos.
Nos últimos anos, têm-se multiplicado as campanhas de sensibilização para os riscos de se deixarem animais de companhia dentro de carros em dias quentes. Uma das mais marcantes será a da organização RSPCA, que nos alerta que “bastam seis minutos” para que um cão morra num carro quente.
“Se a temperatura interna de um cão ultrapassar os 41°C (105,8°F), ele corre o risco de sofrer um golpe de calor, do qual apenas 50% dos cães sobrevivem”, avisam os cientistas Jan Hoole e Daniel Allen, num artigo publicado no site The Conversation. “Não é preciso que esteja um calor insuportável para que isto aconteça – quando estão 22 °C (71,6 °F) na rua, o interior de um carro pode facilmente atingir os 47 °C numa hora (116,6 °F).”
Os cães idosos, muito jovens, de grande porte, de focinho achatado (como boxers e bulldogs), com excesso de peso ou de pelo comprido são mais vulneráveis a este risco. No entanto, qualquer cão pode sofrer uma insolação ou golpe de calor.
“Ao contrário dos seres humanos, os cães não transpiram. E, à medida que o calor aumenta, as funções do corpo começam a falhar,” explicam os dois cientistas. “O cão entra numa espiral viciosa, na qual o coração começa a falhar e bombeia menos sangue, a sua pressão arterial desce, o sangue acumula-se nos órgãos e o corpo entra em choque.”
“Quando a temperatura interna de um cão atinge os 44 °C (111,2 °F), a sua circulação falha, o que provoca insuficiência renal, falta de oxigénio no cérebro e hemorragias internas. Nesta altura, mesmo que se consiga reverter os danos físicos e salvar a vida do cão, é provável que ele tenha sofrido danos cerebrais, que podem resultar em mudanças de personalidade, perda de perceção sensorial e problemas cognitivos.”
Precauções a tomar com os cães em dias quentes
Lembre-se de que este problema não se verifica só em carros. Não deixe o seu patudo em lugares quentes, como casotas, canis, transportadoras ou recintos fechados expostos à luz solar direta, nem o exercite durante as horas de maior calor.
“Em dias quentes, mantenha o seu cão fresco, certificando-se de que ele tem um lugar à sombra, bem ventilado e seguro, com acesso a água. Passeie-o de manhã cedo e mais tarde à noite – evitando as alturas mais quentes do dia. Isto também protegerá as patas do seu cão de se queimarem nos passeios a ferver. Lembre-se de que se uma coisa é desagradável para lhe tocar com a sua mão, também é demasiado quente para o seu cão caminhar nela”, aconselham Jan Hoole e Daniel Allen.
“Se notar sinais de sobreaquecimento, como arfar ou respirar ruidosamente, lamber os flancos, andar de forma instável ou colapsar, molhe uma toalha e cubra as costas do cão com ela ou então aplique água diretamente nas costas e nos flancos do animal para o arrefecer através da evaporação.”
Se o seu cão sofrer um golpe de calor, procure imediatamente ajuda de um profissional, pois trata-se de uma emergência veterinária. Se vir um cão em dificuldades dentro de um carro, contacte as autoridades.
E, sobretudo, não se esqueça: nunca deixe o seu cão trancado num carro durante um dia quente.