Empresas de pesca de krill comprometem-se a parar de pescar em partes do Antártico
Cinco importantes empresas de pesca de krill concordaram em parar de pescar os minúsculos crustáceos em vastas áreas ao redor da península Antártica, para ajudar a proteger a vida selvagem da região gelada.
As cinco empresas, sedeadas na Noruega, Chile, Coreia do Sul e China, são membros da Associação de Pesca Responsável de Krill (ARK, na sigla em inglês). Juntas, representam 85% da indústria de pesca de krill no Oceano Antártico.
“Os nossos membros concordam que a indústria tem de se desenvolver de forma sustentável para garantir a viabilidade, a longo prazo, das reservas de krill e dos predadores que dependem delas”, declarou a ARK, num comunicado. “Hoje, estamos a avançar com uma iniciativa pioneira, implementando voluntariamente zonas interditas à pesca de krill na península Antártica.”
As populações de krill antártico (Euphausia superba), minúsculos crustáceos ricos em proteína que são consumidos pelas baleias, pinguins, focas e outros animais, têm sofrido declínios drásticos nas últimas décadas, sendo a pesca à escala industrial uma das causas.
O krill é pescado em enormes quantidades para alimentar os peixes da aquacultura ou para a extração de um óleo que é usado em suplementos alimentares (cápsulas de ómega 3).
Cápsulas de óleo de krill | Foto: Zeyus Media
Para além de serem um elemento essencial da cadeia alimentar do Antártico, também se acredita que estes pequenos animais translúcidos promovem o sequestro de carbono, uma vez que comem alimentos ricos em carbono perto da superfície oceânica e os excretam quando se deixam afundar em águas mais profundas.
A decisão da ARK foi saudada com entusiasmo pelas organizações de conservação. “Este é um passo ousado e inovador por parte destas empresas e esperamos ver o resto da indústria de krill a seguir o seu exemplo”, disse Frida Bengtsson, da Greenpeace.
Em março deste ano, uma das maiores cadeias de lojas de produtos naturais do Reino Unido, a Holland & Barrett, cedeu à pressão da Greenpeace e concordou em retirar os produtos à base de krill – como os suplementos de ómega 3 – das suas prateleiras. Os ativistas tinham bombardeado o CEO da empresa com 40 mil e-mails em 24 horas e rotulado os produtos de krill nas lojas com autocolantes sobre o seu impacto no ambiente. Agora, a Greenpeace quer que as outras lojas do país, nomeadamente a Boots, sigam o seu exemplo.
As empresas da ARK também se comprometeram a apoiar a criação de uma série de áreas marinhas protegidas no Oceano Antártico.
Os detalhes das áreas protegidas, incluindo as zonas interditas à pesca, deverão ser finalizados pela Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos da Antártida (cujos membros incluem 24 países e a União Europeia) numa conferência que se realizará na Austrália, em outubro.
1ª foto: NOAA