Neste supermercado, cada cliente paga o que pode e combate-se o desperdício e a fome

Neste supermercado, cada cliente paga o que pode e combate-se o desperdício e a fome

4 de Julho, 2018 0

Feed It Forward

No supermercado Feed It Forwad, em Toronto, os produtos não têm etiquetas de preço e os clientes pagam apenas o que podem. A loja, que também inclui uma padaria e um café, abriu em junho e é uma iniciativa do chef Jagger Gordon, que pretende com ela combater o desperdício alimentar e a fome.

Nas prateleiras do supermercado há de tudo: frutas e vegetais biológicos, farinha, leguminosas a granel, refeições preparadas, ervas aromáticas, comida para animais e muito mais.

Os trabalhadores da Feed It Forward são voluntários e os alimentos são doados por supermercados, agricultores, padarias, distribuidores e restaurantes. A loja evita, desta forma, que até 450 kg de alimentos – incluindo muitos vegetais imperfeitos ou manchados e produtos perto do fim da validade – acabem diariamente nas lixeiras.

“É uma simples questão de se desviarem esses camiões com destino aos aterros e de se darem [os alimentos] às pessoas necessitadas”, explica Jagger. “Se tiver dinheiro para pagar mais, esteja à vontade. Se não puder pagar, então não pague. O que eu notei é que as pessoas olham para os seus cestos de compras, tentam calcular o que lá têm e depois dizem: ‘É suficiente?’ E eu digo: ‘Está a brincar comigo? Pague o que puder, mas se não conseguir pagar, não vamos deixar ninguém passar fome’.”

Feed It Forward

Jagger Gordon é fundador do Feed It Forward, um programa comunitário de alimentação que ajuda os canadianos em dificuldades e que nasceu da frustração do chef perante a quantidade de alimentos – no valor de 20 mil milhões de euros – que são desperdiçados todos os anos no Canadá. Ao mesmo tempo, um em cada oito agregados familiares em Toronto tem dificuldade para colocar comida na mesa.

“Como chef, deparo-me com esta realidade todos os dias e em 2014 cheguei a um ponto em que não conseguia continuar a deixar isto acontecer de consciência tranquila”, escreveu no seu site.

Jagger decidiu então agir: começou por disponibilizar um frigorífico com os excedentes alimentares do seu trabalho de catering ao público e, posteriormente, criou um bar de sopas que esteve aberto durante oito meses, em 2017, onde os clientes também só pagavam o que podiam. O supermercado é a sua iniciativa mais recente e ambiciosa.

Ao fim do dia, a comida deixada para trás nas prateleiras também não vai para o caixote do lixo. “Estou um bocado desapontado por ter sobrado comida”, contou ao The Guardian, enquanto perscrutava as prateleiras praticamente vazias da loja. “Estou a falar a sério. Estou irritado. Sobraram entre 45 e 90 kg de pão. Vamos sair à rua e distribui-lo. Não pararemos até toda a comida ter desaparecido.”

Outros excedentes são entregues a um centro de apoio aos sem-abrigo e a um centro comunitário na vizinhança.

Take a look inside Feed It Forward's new grocery store

This is Toronto's first pay-what-you-can grocery store

Publicado por blogTO em Sábado, 30 de Junho de 2018

Os clientes do supermercado Feed It Forward podem levar a comida que as suas famílias necessitarão durante um dia e precisam de deixar o seu nome, contacto e listar os artigos que levaram.

Às pessoas que questionam a sustentabilidade económica do seu modelo de negócios, Jagger explica que os custos de funcionamento da loja são relativamente baixos já que a comida é doada e a mão-de-obra é voluntária e refere que o seu bar de sopas conseguiu sustentar-se e que existem outros projetos semelhantes noutros países.

O chef também menciona que as despesas podem ser cobertas por angariações de fundos, donativos e receitas provenientes da sua empresa de catering e que planeia registar o projeto como uma organização sem fins lucrativos para conseguir financiadores e patrocínios.

Jagger quer que este projeto abra caminhos e inspire outros a fazer o mesmo no resto do mundo. “É uma questão de se ensinar às pessoas como isto pode ser feito porque temos tanta comida a ser desperdiçada”, disse. “Só lhes quero mostrar que este modelo pode funcionar.”

1ª foto: Canadian Press

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