Castores reintroduzidos em floresta inglesa, 400 anos após serem levados à extinção
Dois castores europeus foram reintroduzidos, em julho, num recinto de 6,5 hectares na Floresta de Dean, em Gloucestershire, cerca de 400 anos após estes animais terem sido caçados até à extinção no Reino Unido.
As barragens construídas pelos castores criam lagos, canais e outros habitats ideais para diversas espécies de aves, insetos e pequenos mamíferos. Estas estruturas também abrandam os fluxos de água e reduzem a poluição da água.
Com o regresso dos castores, o governo quer promover a biodiversidade local e reduzir, de uma forma mais natural, o risco de cheias na zona, que tem sido afetada por várias inundações devastadoras.
Se o programa de reintrodução – que terá a duração de três anos – for bem-sucedido, os animais poderão ser reintroduzidos noutras zonas vulneráveis a inundações.
“O castor tem um lugar especial no património inglês e na Floresta de Dean”, disse o secretário para o Ambiente do Governo britânico, Michael Gove, que esteve presente durante a libertação dos animais.
“Esta é uma oportunidade fantástica para aprofundarmos o nosso conhecimento relativamente aos possíveis impactos das reintroduções e para ajudarmos esta espécie emblemática, 400 anos após ter sido levada à extinção. A comunidade de Lydbrook tem manifestado um apoio enorme a este programa e os castores serão uma adição bem-vinda à vida selvagem local.”
Os castores libertados | Foto: Defra
“Este projeto é um exemplo da nossa abordagem mais ampla para a promoção da biodiversidade. É outro passo em direção à nossa meta de deixar o ambiente em melhores condições para as gerações futuras”, afirmou o político.
“Os castores são engenheiros de ecossistemas natos, que restauram os habitats complexos das zonas húmidas e proporcionam um habitat para espécies em declínio, ao mesmo tempo que abrandam o fluxo da água”, explicou Rebecca Wilson, da Comissão dos Assuntos Florestais.
Estas qualidades fazem do industrioso castor uma espécie-chave.
“Poucos outros animais, para além dos seres humanos, têm a capacidade de modificar e moldar tão drasticamente o ambiente que os rodeia. Por esta razão, os castores costumam ser chamados de ‘engenheiros de ecossistemas’”, declarou um representante do Departamento de Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (Defra, na sigla em inglês).
Estudos realizados nos Estados Unidos mostraram que os cursos de água habitados por castores têm até 75 vezes mais aves aquáticas dos que os cursos onde estes animais não estão presentes.
Segundo o Defra, a nova casa dos castores será acompanhada de perto e ajudará a “informar futuras reintroduções” da espécie.
Na Escócia, já tinham sido reintroduzidos na natureza dezenas de castores, durante a última década, e, em novembro de 2016, o governo escocês anunciou que seria conferido aos animais estatuto de “espécie protegida”.
Na Inglaterra, existe uma pequena população destes animais no Rio Otter, em Devon, que foram libertados acidental ou ilegalmente. Entretanto, depois de alguns contratempos, a Natural England, um organismo executivo do Governo do Reino Unido, concedeu-lhes o direito de viverem no rio.