França vai libertar dois ursos nos Pirenéus para assegurar futuro da espécie
O novo ministro francês da Transição Ecológica, François de Rugy, confirmou a reintrodução de mais dois ursos nas montanhas dos Pirenéus.
“Decidi dar luz verde à reintrodução de duas fêmeas de urso-pardo nos Pirenéus Atlânticos”, declarou o ministro à imprensa, após uma reunião com agricultores e autoridades locais. “[A reintrodução] será realizada durante o período previsto, até ao início do mês de outubro (…) com a Eslovénia, a nossa parceira.”
A França começou a reintroduzir ursos de origem eslovena no seu território em 1996, após a população nativa destes predadores ter sido caçada quase até à extinção.
O anúncio de François de Rugy não agradou a muitos dos presentes na reunião, que manifestaram a sua oposição e deixaram abruptamente o encontro. A decisão também esteve na origem de protestos por parte de criadores de gado e pastores, os quais não hesitaram em afirmar que atacariam os ursos, caso estes fossem reintroduzidos.
“Muitos legisladores opõem-se, mas, a dada altura, temos de decidir e foi isso que fiz”, reconheceu o ministro. “Vou encontrar-me com os criadores de gado, apesar da pressão ou da recusa de contacto. Acredito no diálogo.”
François de Rugy herdou esta questão controversa do seu antecessor, Nicolas Hulot, que apresentou, em maio, um plano de 10 anos para aumentar o número destes animais na região. Atualmente, só existem dois machos na zona.
A decisão do ministro foi saudada por diversas organizações conservacionistas, incluindo a WWF, que a viu como “um forte sinal da determinação do governo em impedir o desaparecimento de espécies no território francês”.
O governo francês indemniza os criadores de gado pelos prejuízos causados pelos ataques de ursos a animais associados à atividade pecuária, mas isso não tem sido suficiente para aplacar a ira dos mesmos, que apontam para um incidente decorrido em julho de 2017, que viu mais de 200 ovelhas caírem de um penhasco para a sua morte enquanto eram perseguidas por um urso.
Jean-David Abel, da France Nature Environment, defendeu que a reintrodução deveria incluir medidas para ajudar os produtores de gado, como a formação sobre o uso de cães de guarda.
1ª foto: Arend Vermazeren