Europa toma medidas para proteger os grandes carnívoros do continente
A União Europeia vai permitir que os criadores de gado recebam indemnizações totais dos prejuízos causados pelos ataques de animais protegidos, como os linces, os lobos e os ursos.
As despesas efetuadas pelos produtores de gado para prevenir estes danos, como a instalação de cercas elétricas ou a aquisição de cães de guarda, também serão reembolsadas na sua totalidade.
A decisão da Comissão Europeia pretende ajudar a proteger os grandes predadores e melhorar o apoio aos agricultores em zonas onde estes animais estão presentes.
“Até agora, apenas 80% do valor dos investimentos poderia ser reembolsado através dos auxílios estatais. A decisão de hoje altera as orientações [da União Europeia relativas aos auxílios estatais] para aumentar essa percentagem para 100%”, diz o comunicado da Comissão Europeia.
“Os Estados-membros também serão autorizados a reembolsar a 100% as denominadas despesas indiretas, como os gastos com veterinários resultantes do tratamento de animais feridos e os custos de trabalho relacionados com a procura de animais desaparecidos após um ataque de um animal protegido.”
Após muitas décadas de declínio, as populações de carnívoros de grande porte estão estáveis ou em crescimento em muitas partes da Europa.
Existem, atualmente, cerca de 17 mil ursos-pardos no continente, espalhados por 22 países. As populações de lobos da Alemanha, França e de outros países continuam a crescer e já visitam as nações vizinhas.
Com o aumento dos seus números, também aumenta a probabilidade de conflitos entre estes animais e os seres humanos. Apesar de estarem protegidos por lei na maioria dos países, os ataques dos carnívoros ao gado têm provocado a ira dos produtores e levado alguns a “fazer justiça pelas próprias mãos”.
Só em 2016, aproximadamente 10 mil ovelhas foram mortas em ataques de lobos na França, levando o país a pagar cerca de 3,2 milhões de euros em indemnizações.
Agora que a Comissão Europeia abriu o caminho para a compensação integral, cabe a cada Estado-membro da UE implementar esta decisão.