Conservação de cetáceos: “Planos de gestão têm de ser aprovados”, preconiza a bióloga Catarina Eira

Conservação de cetáceos: “Planos de gestão têm de ser aprovados”, preconiza a bióloga Catarina Eira

31 de Janeiro, 2019 0

Botos

POR JORGE SÁ | 31 de janeiro de 2019, 22:00

Portugal continental já tem a primeira área exclusivamente marinha dedicada à conservação de cetáceos, informa, em nota à imprensa, a Universidade de Aveiro (UA). Situada na faixa litoral entre Maceda (Ovar) e a Praia da Vieira (Marinha Grande), a nova área da rede ecológica Natura 2000 foi aprovada em Conselho de Ministros e publicada, no pretérito dia 23, em Diário da República, a par do alargamento da área de conservação junto à costa do sudoeste alentejano.

As novas áreas foram propostas pelo LIFE+ MarPro, um projeto coordenado pela UA, sendo que se salienta que, “por si só, sem a concretização de medidas de conservação, serão ineficazes”.

Catarina Eira, bióloga da UA e coordenadora do LIFE+ MarPro, considera que sem a aprovação da área de proteção na Costa de Setúbal, do alargamento da área no estuário do Sado e, principalmente, sem a aprovação dos planos de gestão, as duas novas áreas “terão poucos efeitos na conservação do meio marinho”.

A bióloga crê que “para se assegurar que os objetivos de conservação são compatíveis com as atividades humanas que ocorrem nestas áreas, permitindo a monitorização e mitigação das pressões identificadas, os planos de gestão têm de ser aprovados”.

De acordo com Catarina Eira, “o Sítio Maceda-Praia da Vieira engloba cerca de 32 por cento da população nacional de boto, uma espécie de cetáceo cuja população se encontra em declínio acentuado em Portugal, onde tem o estatuto de vulnerável”, advertindo, assim, que “caso não sejam tomadas medidas de proteção eficazes, esta espécie pode extinguir-se, dentro de duas décadas, nas águas nacionais”.

A confirmação do Sítio Maceda-Praia da Vieira como Sítio Natura 2000 é “um passo importante para a conservação de cetáceos, embora ainda se aguarde a aprovação do Plano de Gestão do Sítio, que prevê a implementação de programas de colaboração com as frotas de pesca, de modo a diminuir as taxas de captura acidental e a mortalidade de cetáceos”.

Já o Sítio Costa Sudoeste passa, agora, a englobar uma área importante para a população de roazes, “sendo, também, relevante para a conectividade ecológica e funcional entre os núcleos de boto no Sítio Maceda-Praia da Vieira e as zonas mais a sul da Península Ibérica, onde se tem registado uma redução drástica do número de indivíduos”, adiciona a bióloga.

Foto: Nic Davies

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