Bermas das estradas são refúgio para abelhas e outros polinizadores, diz estudo
Para as abelhas, borboletas, moscas-das-flores e outros polinizadores em declínio, as bermas das estradas com vegetação são um refúgio vital, que lhes oferece alimento e abrigo, concluiu um novo estudo da Universidade de Exeter.
Apesar da sua importância, a vegetação destes espaços é cortada no verão, o que elimina as flores silvestres e torna as bermas inúteis para os polinizadores durante semanas ou mesmo meses.
O estudo também revelou que os polinizadores preferem as estradas menos movimentadas e a parte da berma que se encontra mais para dentro, ou seja, que não ladeia diretamente a estrada.
“As bermas das estradas podem proporcionar um espaço fantástico para os polinizadores e as flores silvestres, algo que tantas vezes falta às nossas paisagens agrícolas”, disse Ben Phillips, principal autor do estudo. “Mas a gestão é a chave – a vegetação de algumas destas bermas precisa de ser cortada por razões de segurança, mas, atualmente, cortamo-la muito mais do que precisamos.”
“Na maior parte dos casos, as plantas são cortadas durante o verão – no pico da floração –, mas, sempre que possível, deveriam ser deixadas até ao outono, quando os polinizadores estão menos ativos”, explicou o investigador.
“Os nossos resultados mostram que a parte das bermas que se encontra a menos de dois metros da estrada contém o menor número de polinizadores. Esta é, muitas vezes, a parte que precisa de ser cortada por razões de segurança e visibilidade rodoviárias; por isso, quando possível, só esta secção deveria ser cortada no verão.”
No Reino Unido, onde 97% dos prados de flores desapareceram desde os anos 30, uma campanha da organização de conservação Plantlife pede uma melhor gestão das bermas das estradas com vista à proteção da vida selvagem e inclui uma petição que já conseguiu mais de 80 mil assinaturas. A principal mensagem da campanha – corroborada pelo novo estudo – é “cortar menos, cortar mais tarde”.
Berma depois de a vegetação espontânea ter sido cortada | Foto: Universidade de Exeter