Bio-Reserva Senhora da Alegria, a reserva que nasceu da junção de um grupo de amigos

Bio-Reserva Senhora da Alegria, a reserva que nasceu da junção de um grupo de amigos

12 de Fevereiro, 2020 0

Bio-Reserva Senhora da Alegria

A MilVoz é uma Associação que tem como objetivo a promoção e preservação do património natural da região de Coimbra e é responsável pela criação da Bio-Reserva Senhora da Alegria.

O UniPlanet falou com Manuel Malva, Presidente da Associação MilVoz, que nos deu a conhecer este projeto.

UniPlanet (UP): Como nasceu a MilVoz?

A MilVoz nasceu da junção de um grupo de amigos que partilhavam as mesmas preocupações ambientais e sentiam um vazio de movimentos de cidadania em prol da conservação da natureza em toda a região. A troca de ideias e a sintonia total em relação aos principais problemas ambientais que assolam a região levou-nos desde cedo a estabelecer as vertentes em que queríamos intervir, que por sua vez traçaram as linhas de intervenção que seguimos hoje enquanto associação.

UP: Que área compreende a Bio-Reserva Senhora da Alegria?

A Bio-Reserva Senhora da Alegria, localizada numa encosta íngreme virada a norte, entre Almalaguês e Rio de Galinhas, tem neste momento cerca de um hectare, tendo num futuro próximo em vista a sua gradual expansão. Localizada a 15 minutos de automóvel da cidade de Coimbra, esta encosta suporta uma floresta ainda bem conservada no contexto da região, em que abundam mares de eucaliptal desordenado e estéril em vida.

Bio-Reserva Senhora da Alegria

UP: Que espécies habitam a reserva?

A nossa encosta é composta por três tipos de habitats, que se estratificam em função da altitude da encosta. Na parte superior, mais exposta, seca e degradada, o estrato arbóreo é dominado pelo eucaliptal, sendo o sub-bosque abundante em matagal mediterrânico, destacando-se a abundância de medronheiros e sobreiros. No patamar intermédio, mais húmido e protegido pelo declive, surge um bosque mediterrânico bem conservado, onde despontam espécies como o loureiro, o folhado e o aderno. No patamar inferior, a joia da nossa reserva é o bosque de folhosas, em que dominam o carvalho-alvarinho e o castanheiro, partilhando o espaço com um leque extremamente diverso de outras espécies vegetais, como seja o olmo, o ulmeiro ou a aveleira.

Ao nível da fauna, este espaço é igualmente extremamente biodiverso, com destaque para as aves, mamíferos e anfíbios. Temos neste espaço inventariadas mais de 70 espécies de aves, entre residentes e migratórias, sendo um espaço de excelência para a observação de aves florestais. Destaque para o dom-fafe, um ícone da nossa reserva, que aqui nidifica e cuja nidificação é dada como muito rara em toda a região Centro. No grupo dos mamíferos, abundam ungulados e mesocarnívoros, sendo frequentemente a encosta percorrida por veados, corços e javalis, bem como por raposas, texugos, saca-rabos, ginetas e fuinhas. Durante as nossas atividades não é raro avistar-se o esquilo-vermelho, percorrendo o bosque de folhosas. Ao nível dos anfíbios, este espaço reveste-se de grande valor conservacionista para endemismos da Península Ibérica, como a salamandra-lusitânica, a rã-ibérica e o tritão-de-ventre-laranja.

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Texugo (Meles meles) Apesar de ser dos animais mais presente na cultura popular, os hábitos noturnos do texugo fazem com que poucas pessoas tenham a sorte de o avistar. A sua presença é mais facilmente detetada através das pegadas, onde a marca das garras é bem visível em frente à impressão dos cinco dedos, e das latrinas, escavadas perto da toca e usadas por todo o grupo familiar. A sua fisionomia é robusta e fortemente adaptada à escavação, sendo as patas notavelmente curtas, o focinho alongado e o pescoço muito forte. A característica mais marcante do texugo é a cabeça triangular branca, onde sobressaem duas linhas grossas que partem longitudinalmente das orelhas até ao focinho. O resto do corpo é marcado por tons acinzentados, exceto as patas pretas e a cauda branca. Apesar de ser um mamífero pertencente à ordem dos carnívoros, e podendo alimentar-se de um vasto leque de invertebrados e vertebrados, a sua ementa é baseada sobretudo em frutos, raízes e bolbos. Além de generalista no que toca ao alimento, o texugo ocupa também uma enorme diversidade de habitats por todo o país, embora prefira paisagens onde bosques e florestas com alguma humidade coexistem com prados e terrenos cultivados, como é o caso da Bio-Reserva Senhora da Alegria. Fotografia da autoria de Manuel Malva

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UP: Como podemos ajudar este projeto?


Qualquer cidadão pode ajudar a MilVoz, seja envolvendo-se na gestão do espaço da Bio-Reserva, seja doando material para a sua gestão ou fundos para a sua expansão, seja fazendo-se sócio. A identificação de proprietários noutras zonas, que estejam dispostos a ceder ou acordar a preservação de espaços em condições que possam ser comportadas pela MilVoz, é também algo que poderá ser uma ajuda preciosa a médio prazo, já que ambicionamos criar outras Bio-Reservas na região, que nos permitam preservar também outras espécies e habitats.

UP: Onde podemos encontrar mais informação sobre a MilVoz?

Podem seguir as atividades e projetos da MilVoz no Facebook e Instagram, e em breve no nosso website, que está neste momento em construção.

Bio-Reserva Senhora da Alegria

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