Quando a quarenta nos obriga a ficar com um agressor
A quarentena pode levar a que pessoas fiquem em casa, em isolamento, com um parceiro que é abusivo verbal ou fisicamente, o que pode aumentar o risco de violência doméstica, incluindo a nível sexual.
A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género criou um e-mail para facilitar o contacto por parte de vítimas de violência doméstica durante a pandemia do Covid-19. As vítimas de violência doméstica podem remeter, “nesta fase de isolamento social”, as suas questões para: [email protected].
“Sabemos que [o isolamento] vai ser um problema muito difícil para todas as famílias e de forma acrescida para quem era já era vítima de violência doméstica”, disse Rosa Monteiro, secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade.
“É um momento em que as pessoas estão mais tempo juntas, há maior conflitualidade e já temos números internacionais que nos mostram que é necessário ter maior preocupação, porque as vítimas ficam mais dependentes”, afirmou Elisabete Brasil, jurista que durante anos esteve na UMAR — União de Mulheres Alternativa e Resposta e no Observatório das Mulheres Assassinadas.
“É importante, por exemplo, colocar nas escadas do prédio que a violência doméstica é um crime e que se deve denunciar. Tal como se colocou para ajudar idosos nas compras de supermercado. Desta forma mostram ao agressor que os vizinhos vão estar atentos”, explicou Daniel Cotrim, psicólogo da APAV.
Nos EUA, a Linha de Apoio às Vítimas de Violência doméstica alertou para o facto de que “o abuso depende do poder e do controlo. Quando as pessoas são forçadas a ficarem em casa, ou em grande proximidade com os seus abusadores, estes podem usar qualquer arma para exercerem o seu poder sobre as vítimas, nomeadamente a preocupação nacional com a Covid-19. Um abusador pode aproveitar-se da situação para ganhar mais controlo sobre a vida da vítima”, diz o alerta.
O que deve fazer
Tenha à mão os números de apoio, guarde-os no telemóvel (com um nome diferente) ou tente decorar:
- 800 202 148 (Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, linha que dá informações, que lhe diz o que fazer e que lhe indica os apoios mais próximos de si) ou pelo e-mail [email protected]
- 116 006 ou 21 358 7900 (APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima)
- 218 873 005 (UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta)
- 144 (linha de emergência social)
- 112 (se a sua vida estiver em risco)
- 116 111 (SOS criança) Ensine este número às crianças
Anonima
Que texto precioso. Consegui divorciar-me no ano passado.
22 de Março, 2020Espero que as mulheres que sofrem com isso encontrem força e fé em si mesmas e busquem o melhor caminho.