ONU e WWF defendem fim de mercados de animais selvagens para evitar novas pandemias
Elizabeth Maruma Mrema, a responsável das Nações Unidas para a biodiversidade defende a proibição global dos mercados de animais selvagens como os de Wuhan, na China, para evitar o aparecimento de novos surtos e ajudar a proteger a biodiversidade.
“Seria bom banir os mercados de animais vivos, algo que a China e outros países têm vindo a fazer”, afirmou Mrema. “A mensagem que estamos a receber é que, se não tratarmos da natureza, ela trata de nós.”
A China proibiu temporariamente, devido à pandemia de Covid-19, os mercados de animais onde são comercializados para consumo humano pangolins, morcegos, civetas ou crias de lobos, entre outras espécies. Muitos cientistas defendem que Pequim devia tornar a proibição permanente.
Os animais, nestes mercados, são mantidos em jaulas sob fracas condições de higiene, o que pode originar o desenvolvimento de doenças que podem, por vezes, ser transmitidas aos humanos.
“A perda de biodiversidade está a tornar-se fortemente relacionada com o aparecimento de alguns destes novos vírus. E a desflorestação em larga escala, a degradação de habitats naturais, a intensificação da agricultura, o nosso sistema alimentar, o comércio de espécies de animais e plantas, as alterações climáticas – todos estes fatores levam à perda da biodiversidade”, lamentou Mrema.
“Sabemos que no fim da década de 1990, na Malásia, o surto do vírus Nipah terá resultado da desflorestação, dos incêndios e da seca, fenómenos que levaram os morcegos da fruta, os portadores naturais do vírus, a mudarem-se das florestas para as plantações. Os agricultores terão então sido infetados e contagiado outros humanos”, explicou.
“Preservar ecossistemas intactos e a biodiversidade vai ajudar-nos a reduzir a presença de algumas dessas doenças. Portanto, a maneira como cultivamos, como utilizamos os solos, como protegemos os ecossistemas costeiros e como tratamos as nossas florestas, vai destruir o futuro ou então vai ajudar-nos a viver durante mais tempo”, refere.
Também a World Wide Fund for Nature (WWF) com base num estudo recentemente divulgado, pediu em comunicado aos Governos locais que fechem os mercados de vida selvagem da Ásia oriental.
1ª Foto: Dan Bennett Flickr: DSC_4970